Só nove clubes - num universo de trinta e seis - aderiram ao manifesto discutido esta tarda no edifício da Liga, no Porto, onde a sala onde habitualmente usada pelos jornalistas serviu para uma longa reunião de cinco anos que terminou com a distribuição de um comunicado. Isto significa que não houve declarações, os líderes dos clubes saíram em silêncio, sendo visível a cordialidade entre o presidente do Benfica e do Sporting na semana do clássico que vai decidir o título.
O manifesto para mudar o futebol português, como chegou a ser apalavrado por Luís Filipe Vieira, foi discutido e analisado à luz dos principais problemas do futebol português. O que emerge desta reunião é a necessidade de alterar os critérios de avaliação e classificação dos árbitros, que deve assentar no «reforço do televisionamento dos jogos», segundo pode ler-se no comunicado depois de Benfica, Sporting, Belenenses, Sp. Braga e V. Guimarães (Superliga) e Feirense, D. Aves e Olhanense (Liga de Honra), terem dado o seu parecer num debate de ideias sem a presença do F.C. Porto como aliás já era público.
Esta proposta vai ser levada a assembleia-geral da Liga, enquanto uma outra irá ser levada à Assembleia da República e do Governo para «autonomizar a justiça desportiva, aprovar um plano de contabilidade adequado e específico ao futebol profissional e tornar a arbitragem independente do movimento associativo (Liga e Federação), autonomizando e profissionalizando esse sector, criando ainda órgãos distintos para a gestão e classificação dos árbitros.
Por último, resta referir que Marítimo não participou nesta reunião de clubes por estar reunido em assembleia-geral.
Leia na íntegra o comunicado distribuído aos jornalistas:
«Os clubes e SAD signatários, reunidos na sede da L.P.F.P., após frutuosa discussão e análise de alguns dos actuais problemas do futebol português, acordaram nas seguintes conclusões:
1. Expressar a sua discordância com o teor do manifesto divulgado, o qual mereceu o consenso de todos os participantes;
2. Determinar, em termos imediatos, a apresentação à Direcção da L.P.F.P., para submissão à Assembleia-Geral, de proposta de alterações regulamentares que permitam incrementar uma metodologia distinta da existente, no que concerne à avaliação e classificação dos árbitros e que assentará, predominantemente, no reforço do televisionamento dos jogos, com extensão de tal medida a todos os jogos da Superliga e Liga de Honra;
3. Procurar incrementar as receitas provenientes das transmissões televisivas, com vista à obtenção de recursos financeiros adicionais destinados a serem distribuídos pelos clubes da Liga de Honra;
4. Procurar implementar a médio prazo, promovendo desde já junto da Assembleia da República, Governo e outras entidades que tutelam o desporto as alterações necessárias ao quadro legal actualmente vigente, no sentido, nomeadamente, de:
a) autonomizar a justiça federativa;
b) aprovar um plano de contabilidade adequado e específico ao futebol profissional;
c) tornar a arbitragem independente do movimento associativo (L.P.F.P. e FPF), autonomizando e profissionalizando esse sector, criando ainda órgãos distintos para a gestão e classificação dos árbitros.
Porto, 10 de Maio de 2005»