Foram quase três horas seguidinhas de futebol, quatro golos em 90 minutos, uma expulsão e 30 penalties! O Belenenses defronta o Sporting para a Taça de Portugal, em mais um derby da capital lisboeta, e, na última vez que isso aconteceu, o país assistiu a uma maratona de futebol. Ironicamente, na mesma noite em que o Belenenses defrontou o FC Porto, no Restelo, a notícia bombástica da noite saiu de Alvalade. O Maisfutebol recorda-lhe aqui uma longa história da Taça de Portugal.

Em 2009/10, o Belenenses recebeu o FC Porto, na última época de Jesualdo Ferreira no comando dos dragões e, também, na última temporada dos azuis do Restelo na I Liga. Lima era o ponta-de-lança de que se falava em Belém; a Norte, Falcao já mostrava que era «matador».

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O jogo aconteceu a 20 de Janeiro de 2010. Eram os oitavos-de-final da Taça de Portugal, ou seja, a mesma ronda em que o Belenenses vai defrontar o Sporting, nesta época.

O FC Porto chegava tetracampeão e no terceiro lugar do campeonato; o Belenenses era último. O favoritismo estava tudinho do lado dos dragões, mas, no Restelo, os lisboetas mostraram que a Taça de Portugal é uma prova especial e, acima de tudo, imprevisível.

Lima fazia o 1-0, aos 13 minutos, num longo chapéu sobre Beto. Os adeptos da casa ainda nem se tinham sentado nas cadeiras após os festejos, quando Falcao empatou. O colombiano serenava os portistas. Mas o jogo foi tudo menos um mar de tranquilidade.

Ao intervalo, havia 1-1 no marcador. O FC Porto, claro, tinha superioridade, mas o Belenenses respondia com uma alma que no campeonato raramente se lhe viu.

Com o FC Porto a dominar o encontro e a causar perigo junto da baliza de Bruno Vale, Lima continuava a dar cartas e praticamente sozinho chegava para pôr em sobressalto Rolando e companhia.

Noite de glória para um guarda-redes

Aos 81 minutos, o brasileiro que agora actua no Sp. Braga surpreendeu tudo e todos. A descrição do golo no AO MINUTO do Maisfutebol é esclarecedora: «2-1 por Lima: grande jogada do avançado brasileiro, que conduz com rapidez a bola pelo corredor direito, leva a melhor sobre Bruno Alves e atira para o seu segundo.»

No Restelo, já se adivinhava uma bomba na Taça de Portugal. Só que o espírito de campeão dos portistas levou-os ao empate. Cristian Rodríguez fez o 2-2 (85m) e o jogo ia para prolongamento. Aí, o uruguaio seria expulso e o FC Porto passou a jogar com dez.

Ora, a conta é fácil de fazer e qualquer adepto sabe-a de cor: 90+30 minutos de futebol dão duas horas de jogo. Mas esta partida começou às 20h45 e acabou às 23h30. Porquê? Porque marcaram-se 30 grandes penalidades para se decidir quem seguia em prova! No final, ganhou o FC Porto por 10-9, com Beto a sair em grande, e aplaudido pela claque.

A «bomba» em Alvalade

Noutro ponto da cidade, o Sporting-Mafra (4-3) há muito que tinha acabado. Mas enquanto no Restelo já os treinadores tinham passado pela sala de imprensa, em Alvalade ainda se esperava pelo treinador leonino, Carlos Carvalhal.

A bomba dessa eliminatória saía do balneário leonino. Aconteceu nessa noite, mas só no dia seguinte se soube do conflito entre Ricardo Sá Pinto e Liedson, instantes depois do fim do jogo e que levou à ausência prolongada do técnico no auditório leonino. O caso levou à demissão do então director-desportivo dos leões, actualmente treinador dos juniores.

Em suma, foi uma noite longa para o futebol português, essa última ocasião em que o Belenenses teve pela frente um dos denominados «três grandes».