Os dois candidatos à presidência do Benfica responderam a três questões colocadas pelo Maisfutebol. Aqui, as respostas de Rui Rangel.

1. Reduzir o passivo do Benfica é uma prioridade? Como pretende fazê-lo?

A redução do passivo é, de facto, uma prioridade. Esse é um dossier central na minha agenda e, assim que tomar posse, posso dizer-lhe que iremos pôr em prática um plano que assenta em três pontos: redução da massa salarial, financiamento mais cost-effective, e a negociação dos direitos televisivos.

No que se refere ao primeiro ponto, este será atingido através da redução de um número excessivo de jogadores e da otimização do custo salarial da atual estrutura. Os jogadores que estão a mais serão preferencialmente colocados no mercado, o que poderá também gerar receitas extraordinárias ao nível da venda de passes de jogadores. Estimamos, só através desta medida, poder reduzir os custos anuais globais do clube em 10 a 12 milhões de euros, que contribuirão por sua vez para a redução do passivo.

Relativamente ao financiamento, estamos já a estudar novas formas que nos permitam baixar o elevadíssimo custo de capital atual. Estas formas alternativas de financiamento podem passar, entre outras, por entidades externas e por outras formas de financiamento inovadoras. A não intermediação da dívida é para nós um ponto fulcral para diminuirmos os custos de financiamento. Existe a possibilidade de reforçarmos a colocação de dívida junto de investidores individuais, uma vez que a dívida do Benfica tem uma taxa de juro altamente atrativa e de risco não elevado. Estas novas formas de financiamento vão permitir-nos reduzir fortemente o serviço da dívida, contribuindo para aliviar o sufoco atual relacionado com o pagamento do passivo exigível de curto prazo, dando-nos em simultâneo uma maior margem de negociação com os investidores. Estimamos que só através desta medida poderemos reduzir consideravelmente os atuais 17 milhões de euros de custos financeiros suportados anualmente, bem como renegociar o «swap» de taxa de juro, que têm um custo acumulado de cerca de 12 milhões de euros.

Já em relação ao terceiro ponto, nomeadamente a questão da negociação dos direitos televisivos, este representa para a nossa candidatura um aspeto central, a curto/médio prazo, para o futuro do clube, tanto em termos financeiros como em termos da independência do clube quanto ao sistema vigente no futebol português. Antes do mais, cumpre referir que, conforme referido, o contrato de direitos televisivos celebrado com a Olivedesportos lesa fortemente o clube, já que não só não reflete o valor de mercado dos jogos do Benfica, como transfere para clubes rivais parte da receita dos jogos do Benfica -  isto é inadmissível.

2. O Benfica sem portugueses é um problema para si? Como mudar essa tendência?

O problema é não ter portugueses, esse sim um objetivo a combater. Ter mais portugueses deve ser um desígnio do Benfica.  Esta lista pretende reverter a desnacionalização do plantel do Benfica, incentivando o sucesso de novos talentos portugueses, preferencialmente oriundos da formação do clube. Iremos estabilizar e valorizar o trabalho feito nas camadas jovens, migrando alguns dos conceitos também para o futebol profissional, como a definição de um modelo de jogo transversal ao clube. Reafirmo que pretendo ter uma estrutura para o futebol altamente profissionalizada, com um vice-presidente designado para a área do futebol (Dr. Cunha Leal) e um diretor desportivo (Rui Costa) com provas dadas no mundo do futebol.

 

3. Se for eleito, Jorge Jesus mantém a sua confiança mesmo que não seja campeão esta época?

Irei manter Jorge Jesus como treinador do Benfica. Mas desde já aviso que o treinador do Benfica tem de ser um treinador vencedor. Comigo o treinador terá legitimidade para tomar as suas decisões, mas prestará contas e terá uma supervisão mais atenta.