José Morais, antigo treinador da equipa B do Benfica e, mais recentemente, do Santa Clara, foi convidado para treinar o Assyriska, um clube singular formado por adeptos assírios, um povo sem pátria, que subiu a época passada ao primeiro escalão do futebol sueco na sequência da despromoção do Orebro por problemas financeiros.
Um desafio aliciante para o técnico português, de 39 anos, que construiu a base da sua carreira no Estádio da Luz, nos escalões de formação, entre 1999 e 2001, antes de assumir o comando técnico da equipa B. Deixou o Benfica para treinar o Estoril e depois rumou à Alemanha onde trabalhou nos escalões de formação do Schalke 04 e foi treinador principal do Dresdner.
Regressou a Portugal, em 2002, para treinar o Académico de Viseu, projecto que deixou a meio para assinar pelo Santa Clara. Nos Açores, assinou um contrato até 2004/05, mas acabou por ser dispensado depois de somar sete derrotas nas primeiras dez jornadas.
José Morais conta agora com um novo desafio no estrangeiro, num clube com características muito especiais. O Assyriska foi fundado em 1974 por emigrantes assírios na cidade portuária de Sodertalje e até 1990 contou apenas com jogadores de etnia assíria. Actualmente um terço da equipa é composto por assírios aos quais se juntam jogadores da Suécia, Serra Leoa, Iraque e dos Países dos Balcãs.
Os assírios são um antigo povo cristão originário da histórica região da Mesopotâmia, entre os rios Tigre e Eufrates, que nunca contou com um Estado próprio, distribuindo-se principalmente pela Síria, Iraque e Turquia. Depois de terem sido perseguidos pelos turcos, durante a I Grande Guerra Mundial, espalharam-se por todo o mundo, apesar das maiores comunidades continuarem a concentrar-se na Síria e no Iraque.
Uma pequena comunidade de assírios de Sodertalje formou um clube em 1974 que rapidamente passou a ser encarado como uma espécie de selecção nacional para os assírios de todo o mundo. Os primeiros anos foram difíceis, mas o ano passado o Assyriska, depois de ter perdido o «play-off» de promoção, foi compensado com a despromoção do Orebro, por problemas financeiros, e ascendeu ao primeiro escalão do futebol sueco.
É neste quadro que José Morais, que na imprensa sueca já é comparado a Mourinho, vai começar a trabalhar em Abril, altura em que começa o campeonato na Suécia. O treinador português, segundo anuncia o site oficial do Assyriska, assinou um contrato válido para os próximos dois anos.