Diogo Valente e Varela
Num jogo em que não apareceram os artistas, valeu a Portugal os trabalhadores. Diogo Valente e Varela, na circunstância. Dois jogadores que poderão não ter o virtuosismo de Quaresma, de Hugo Viana ou de João Moutinho, mas que pelo menos esta noite trouxeram à equipa o que nenhum dos maiores artistas conseguiu dar, velocidade no ataque, por exemplo, clarividência, profundidade e sobretudo agressividade. A exibição nacional mudou por isso completamente e pelo caminho garantiu a presença no Europeu. Logo aos 54 minutos Diogo Valente encontrou Hugo Almeida sozinho na área e colocou-lhe a bola redondinha para o primeiro golo. Aos 61 minutos Varela fugiu ao marcador directo, recebeu um passe de João Moutinho e atirou para a qualificação nacional. Pelo meio o mesmo Varela já tinha deixado Hugo Almeida na cara de outro golo, mas o avançado falhou. Num instante, portanto, o destino da selecção mudou.
Bruno Vale
Se havia um jogador que provavelmente não merecia aquela exibição corada de vergonha da primeira parte nacional, então esse jogador era Bruno Vale. Redimiu-se do erro da primeira-mão com um punhado de intervenções de alto nível, mostrando sempre sangue frio e muita concentração, as qualidades que o fazem estar afinal no lote dos possíveis seleccionáveis de Scolari para o Mundial. Uma saída em falso, já na segunda parte, não manchou uma exibição segura do guarda-redes, até nas bolas aéreas.
Hugo Almeida
Não foi um jogo fácil para o possante avançado nacional, ele que teve de travar uma luta difícil com dois também possantes centrais adversários. Pelo caminho viu o árbitro roubar-lhes duas jogadas de perigo, uma por fora-de-jogo, outra por terminar com a primeira parte. Uma noite complicado, portanto. Hugo Almeida não virou porém a cara à luta e acabou por ser compensado já na segunda parte, quando fugiu ao marcador directo e cabeceou à vontade para o golo que fez renascer a esperança portuguesa.
João Moutinho
Ponto prévio: o médio sportinguista está a anos-luz do que fez na época passada. Falhou muitos passes, raramente conseguiu dar velocidade ao ataque e fartou-se de perder bolas. O leitor deve estar a interrogar-se porque raio merece então um destaque. Pois bem, por dois factos, essencialmente. Primeiro porque nunca virou a cara à luta, correu, trabalhou, gritou e tentou dar nervo à equipa. Segundo porque arrancou uma assistência a rasgar o meio-campo suíço, que permitiu a Varela fazer o golo da qualificação. Linda!
Zé Castro
O central foi o mais certinho dos defesas nacionais. Foi aliás o único defesa certinho. Filipe Oliveira fartou-se de meter erros de principiante, Semedo perdeu muito na marcação a Degen e Vítor Rodrigues raramente conseguiu acertar. Valeu Zé Castro, na posição de libero, a limpar muitas vezes os erros dos outros, em cortes providenciais, plenos de bom posicionamento e inteligência na leitura do jogo. Principalmente na primeira parte, quando Portugal esteve mais à deriva. Na segunda limitou-se a controlar.
Degen
O possante avançado suíço foi o melhor no meio de uma equipa pouco virtuosa, mas muito certinha, trabalhadora e concentrada. Assim como ele, aliás. Impôs a compleição física para criar problemas à defesa nacional, acrescentou-lhe uma mobilidade interessante e com tudo isso tornou-se o mais perigoso dos adversários. A prova disso esteve no golo que marcou, claro, para além de uma série de movimentações que abriram a defesa nacional permitindo a entrada dos médios para lances de perigo.