Portugal inicia nesta sexta-feira a nona campanha em Mundiais de sub-20. Nas anteriores, conseguiu dois títulos e mais duas presenças no pódio. Um aproveitamento notável, que se traduziu, também, no lançamento de alguns dos internacionais mais importantes na história da seleção. Aqui fica um olhar sobre o passado, etapa a etapa.

Arranque tímido no Mundial «de Maradona»

A ligação começou em 1979, no Japão, numa prova ainda reservada aos sub-19. O torneio que apresentou ao mundo Diego Maradona não deixou grandes recordações aos portugueses, que perderam na estreia, com o Canadá, por 3-1. O segundo jogo, com o Paraguai, de Romerito e Cabanas, trouxe a única vitória, por 1-0, e o apuramento foi selado a custo, num nulo com a Coreia do Sul. Nos quartos, o Uruguai, onde brilhava Ruben Paz, mandou os portugueses para casa no prolongamento.

Seis jogadores dessa equipa, o avançado Diamantino, o guarda-redes Zé Beto e os médios Nascimento, Adão, Parente e Quim chegariam à seleção principal.

A primeira joia de Queiroz

A chegada de Carlos Queiroz à FPF começou a dar resultados a partir de 1987. Quando a seleção de sub-19 chegou à Arábia Saudita, já trazia na bagagem o título de vice-campeã europeia de sub-18.

A poucos dias da partida, o guarda-redes Vítor Baía saiu do grupo, com uma doença cujo aparecimento coincidiu com a titularidade no FC Porto. Em Riade, Portugal bateu a Checoslováquia na estreia, com golo de Paulo Alves no último minuto. O segundo jogo, com a Nigéria, garantiu apuramento e vitória no grupo, com golo de João Pinto, benjamim da equipa e o seu maior talento, com apenas 17 anos. Ao terceiro dia a equipa descansou, com uma pesada derrota diante da já eliminada Arábia Saudita.

Um golo de Jorge Couto derrotou a Colômbia (1-0) e pôs Portugal nas meias-finais. Frente ao Brasil, um golo de Amaral abriu as portas da final, fazendo com que o país descobrisse as alegrias do futebol de miúdos. A decisão, de novo com a Nigéria, começou com uma promessa do lateral Abel Silva ao rei Pelé, no centro do relvado: «hoje marco um golo dos seus». Dito e feito: no fim da primeira parte, um remate de fora da área abriu o marcador, antes de outro golo de Jorge Couto dar início a uma onda de euforia no país.

Nove dos 18 jogadores dessa equipa chegaram à seleção principal. Três (Fernando Couto, Paulo Sousa e João Pinto) tornaram-se indiscutíveis. Folha, Paulo Alves, Paulo Madeira, Hélio, Jorge Couto e Filipe tiveram diferentes graus de sucesso.

Cem mil em festa na Luz

Dois anos depois de Riade, Portugal recebia a organização da prova e a exigência aumentava. A competição mudava o escalão etário (de sub-19 para sub-20) e ganhava audiências, não apenas por cá. Figo, Rui Costa, Peixe e Gil eram já figuras de cartaz, além do repetente João Pinto, que com 19 anos tentava tornar-se o primeiro bicampeão mundial. Na estreia, uma vitória por 2-0 sobre a Irlanda, nas Antas, mostrou que os rapazes estavam à altura. Voltaram a prová-lo nos dois jogos seguintes, em Lisboa, frente à Argentina (3-0) e à Coreia (1-0).

O México ainda assustou (2-1 no prolongamento) e a Austrália, com Bosnich na baliza, caiu nas meias, com um golo fabuloso de Rui Costa, que começava aí uma relação de amor com o estádio da Luz. Mais de cem mil espectadores assistiram à final sonhada, com o Brasil de Élber, Roberto Carlos e Paulo Nunes. Portugal sofreu, mas levou a decisão para os penalties, onde tudo ficou decidido com o quarto remate, de Rui Costa, grande revelação do torneio.

O segundo título consecutivo confirmou Queiroz como personagem-chave do futebol português e lançou a base da década dourada da seleção principal. Onze dos 18 convocados chegariam lá, com Figo, Rui Costa, João Pinto (outra vez), Jorge Costa e Abel Xavier, a tornarem-se referências. Peixe (1º) e Paulo Torres (3º) foram premiados pela FIFA como melhores jogadores da competição.