Paulo Sérgio terminou a sua carreira como jogador no Olhanense, equipa que defrontará no próximo domingo, na qualidade de técnico do Vitória de Guimarães. Numa antevisão ao confronto entre os dois clubes, o Maisfutebol falou com Edinho e Lameirão, duas figuras que já tiveram Paulo Sérgio como colega e treinador.

Depois de Paulo Sérgio «arrumar as botas» na temporada 2002/2003, o Olhanense elegeu-o como rosto que lutaria pela subida à Liga de Honra, logo na época a seguinte. Um dos jogadores do Olhanense nessa época era Lameirão. O jogador do Desp. Chaves recorda um Paulo Sérgio «muito profissional, e uma pessoa muito boa». Segundo ele, as qualidades mantiveram-se no ano seguinte, na categoria de treinador.

Edinho, actual treinador-adjunto do Farense, também trabalhou com Paulo Sérgio nessa altura. Com um ex-colega a comandar o grupo, o Olhanense foi campeão da 2ª divisão B, e subiu à liga de honra, sob o comando de «um treinador que era realmente diferente», tal como indicam Lameirão e Edinho.

«O Paulo era um treinador com métodos muito diferentes do habitual», sustenta Lameirão. Já Edinho realçou que aprendeu muito com um treinador que tinha a «vontade de aprender cada vez mais, de dia para dia, e transmitir aquilo que ele sabia aos jogadores». «Um dos pontos fortes dele era mesmo esse. Nunca estava satisfeito e queria sempre mais e mais», disse o brasileiro.

O avançado relembra que o segredo da subida foi mesmo o grande conhecimento de todo o plantel do Olhanense: «Ele já conhecia a maioria dos jogadores. 80 ou 90 % dos jogadores tinham jogado com ele e isso facilitou muito o trabalho dele. Acho que o sucesso desse ano se deve a isso. Lembro-me que quando cheguei, vim reforçar um plantel que já era forte, e que ele conhecia muito bem», mencionou.

«Foi um jogo electrizante, e o estádio tinha uma moldura humana espectacular»

Ambos ainda se recordam do jogo que garantiu ao Olhanense um «lugar ao sol» na II Liga. O Olhanense ganhou por 2-0 ao Camacha e Paulo Sérgio fez história. «Foi um jogo electrizante. No estádio estava uma moldura humana espectacular», recorda Edinho.

O antigo jogador de Sporting e Desp. Chaves chegou a Olhão já no final da carreira, mas Paulo Sérgio conseguiu sempre incutir-lhe redobrada motivação. « Velho, tu hoje vais marcar! E marcava! Parecia que eu tinha uma tecla em que ele carregava. E resultava mesmo. Parecia algo computorizado. No final do jogo lembro-me que ele chegou ao pé de mim e disse: Velho, já disse ao presidente que quero que renoves o teu contrato. Fiquei muito grato por ele ter reconhecido o meu trabalho, porque eu também o ajudei a crescer enquanto treinador.»

Lameirão confirmou o que se suspeitava. «Por ele conhecer muito bem o plantel é que conseguiu fazer história no Olhanense. No primeiro ano de treinador subiu a equipa à Liga de Honra. Marcou logo a história do clube», disse.

«V. Guimarães-Olhanense? O empate seria justo»

Antes de ter jogado no Olhanense, Edinho já tinha representado o Vitória de Guimarães, pelo que preferiu ser politicamente correcto na antevisão do duelo entre estes dois emblemas: «São dois clubes dos quais eu gosto muito e já passei muito nos dois. No Olhanense estive quatro anos, fui campeão duas vezes. Nos dois anos que estive em Guimarães fui duas vezes à Taça UEFA. É uma pergunta difícil. Acho que o empate seria justo».

Lameirão, por seu lado, acredita que Paulo Sérgio arranjará uma solução para as ausências na equipa vimaranense, mas preferiu não fazer um prognóstico. «Ele é um grande treinador e estou certo de que, com a inclusão de outros jogadores ou com a alteração do sistema táctico, o Paulo tomará a melhor opção».