O Porto perdeu sete em nove pontos possíveis, com os dois empates e a derrota em Coimbra.

À 11ª jornada o Benfica passou o Porto, após ter 5 pontos de desvantagem. O Sporting também venceu e segue o seu caminho e está na frente da liga. Surpresa? Talvez mas a confiança e organização demonstradas fazem a equipa acreditar que é possível

O Porto está mal e não é só na nossa Liga. Na Europa, o desafio é enorme e pode ficar fora da elite, mas tem de acreditar.

Puxando o filme atrás uma época, na mesma jornada, verificamos o seguinte: o Porto tinha 29 pontos e 27 golos marcados e 6 sofridos. O Benfica tinha os mesmos 29 pontos e 28 golos marcados e 7 sofridos. O Sporting estava na 9ª posição com 11 pontos e 10 golos marcados e 14 sofridos.

Comparando esta época, até ao momento, a grande diferença, para melhor, está no Sporting. Lidera com 26 pontos (mais 15) e 28 golos marcados (mais 18) e 9 sofridos (menos 5). Excelentes números e os 11 de Montero são 39 por cento dos golos marcados.

O Benfica está com os mesmos 26 pontos (menos 3) e 20 golos marcados (menos 8) e 8 golos sofridos (mais 1).

O Porto com números mais baixos. Com 24 pontos (menos 5) ocupa a terceira posição com 20 golos marcados (menos 7) e 8 sofridos (mais 2).

E centrando no Porto, verificamos que nesta altura, na época 12/13, Jackson era o goleador com 10 golos, seguido logo atrás por James Rodriguez com 7.

Este ano, Jackson leva oito (40 por cento do total) e não há James, nem Hulk que jogou as três primeiras jornadas e fez dois golos. Mas o que leva o Porto a esta irregularidade exibicional?

Por vezes pouca consistência colectiva. Erros individuais. Mérito dos adversários. Ineficácia na finalização. Incapacidade para criar desequilíbrios. Porventura um pouco de tudo e os resultados negativos não ajudam. Trazem falta de confiança e ansiedade e normalmente as coisas não saem bem. O Porto não está habituado a estes caminhos e agora tem de passar dois adversários, o que também não tem sido normal.

Este Porto já não é o de AVB ou de Vítor Pereira. É de Paulo Fonseca, com as diferenças a começarem no plantel, na sua qualidade e soluções. Com saídas importantes, as contratações foram numa perspectiva futura e a grande maioria é jovem e precisa de tempo. Não ganhando, é uma posição difícil num clube habituado a vencer. Os títulos conquistados anteriormente não significam novas vitórias. Pode acontecer e têm capacidade para isso. Demonstraram-no nos jogos mais difíceis mas têm falhado nos mais acessíveis.

A equipa, apesar de constituir um bom onze, não tem, a meu ver, as soluções dos últimos anos. Paulo Fonseca aceitou este desafio e sabia que seria difícil. A defesa continua a ser consistente e com qualidade, assegurada com a solidez de Fernando. Do meio para a frente é que surgem as dúvidas. Lucho é incontornável, Jackson é craque e o resto vai mudando consoante os jogos.

Isto é o que temos visto e a diferença para o passado recente é apenas Moutinho e James, já que de Hulk ninguém se lembra. As diferenças são notórias. No entanto, não adianta pensar nelas mas sim encontrar soluções. Essa é a vida do treinador. Paulo Fonseca apostou desde o início num duplo pivot no meio campo. Torna o Porto mais defensivo, foi referido logo no início, mas PF respondeu com clareza e firmeza às questões levantadas. O problema para mim não está no desenho, mas na forma como se aborda o jogo, na dinâmica e intensidade colocadas.

Sem Moutinho, PF tinha de procurar uma alternativa válida e consistente. Entendeu que esta era a que melhor servia os interesses colectivos e potenciava as individualidades. Desta forma, libertava Lucho para zonas mais adiantadas, próximas de Jackson e dava os corredores aos laterais. Mas faltam individualidades que apareçam, façam a diferença e resolvam quando o colectivo não funciona. Existe pouca criatividade e capacidade para criar desequilíbrios nas defesas contrárias e Jackson vê-se por vezes isolado.

Esta semana não vai ser fácil para Paulo Fonseca, que está a sentir a pressão e a exigência do que é ser treinador de clube grande. E num clube habituado a ganhar. Não sei qual é o seu pensamento ou da direcção do clube mas não me parece que a saída seja a solução. Contratado há cerca de 6 meses, assinou por duas épocas. É porque acreditavam na sua capacidade e competência para liderar o clube.

Paulo Fonseca acredita nas suas capacidades e nas suas ideias. Por isso, é segui-las, perceber o que está mal, o que se pode melhorar, o que se pode mudar e reagir.

E por fim o mercado. Cerca de um mês e aí está. Acredito que Paulo Fonseca pretenda colmatar o que falhou no início da temporada. Médio ofensivo e alas com capacidade para desequilibrar, procuram-se. O ataque ao mercado deve andar por estas posições.