Paulo Bento, treinador do Sporting, depois do empate (1-1) com o Ventspils, no Estádio da Alvalade, em jogo da 4ª jornada do Grupo D da Liga Europa:
«Foi um jogo em que quando sofremos o golo, nada o fazia prever que o podíamos sofrer. Tivemos uma entrada que, sem muita dinâmica e intensidade, foi suficiente para dominarmos o jogo naquela altura. Podíamos ter evitado o golo. Depois, chegando à igualdade ainda na primeira parte, viemos para a segunda parte mais agressivos, mas com pouco discernimento. Tivemos muito coração, mas pouca cabeça. Quando atacámos, atacámos de forma desequilibrada. Tivemos pouca qualidade quando conseguimos alguma vantagem nos corredores e, depois, pouca capacidade para conquistar a bola no interior da área. Aí também com mérito do adversário, que tem dois bons centrais. Quando assim é, torna-se mais difícil criar situações em termos ofensivas».
O Sporting continua sem ganhar, qual é o verdadeiro problema?
«Já o disse, as nossas transições defensivas foram muito longas, porque atacámos de forma desequilibrada. Não fomos eficazes no ataque e, em alguns momentos, os cruzamentos que fizemos não foram os mais adequados».
Notaram-se os mesmos problemas da Liga. Como é que interpretou os lenços brancos?
«Queríamos concentramo-nos só neste jogo, só nesta competição em que a eficácia era boa. O objectivo era que a eficácia continuasse a ser boa, trazendo melhor desempenho. Não conseguimos uma coisa, nem outra. Também é verdade que o momento que vivemos na Liga passou para este jogo. A partir do momento em que tivemos uma situação adversa, no golo do adversário, mais pesou essa situação. Depois tudo o resto, os lenços brancos, os cânticos. Temos de conviver com essas situações, gostemos ou não. É uma situação em que passei por ela enquanto jogador, agora estou a passá-la como treinador e que vai continuar a existir nos próximos anos. O futebol é muito mais irracional do que se podia desejar».
Sente um amargo de boca por não ter conseguido a qualificação para a próxima fase da Liga Europa?
«O Sporting está numa situação muito favorável para ser apurado. Oxalá estivesse sempre nestas condições para ser qualificado. Tem dois jogos para realizar, um deles em sua casa, e tem todas as condições para seguir em frente. Não me parecer que esteja numa situação adversa. É um objectivo que o Sporting vai alcançar.
Sente que sua mensagem já não passa para os jogadores?
«Não sei se é uma questão da mensagem. A mensagem não pode divergir assim tanto de um ano para o outro. Não são três ou quatro meses que faz com que uma mensagem passe ou não. Há outros factores, alguns deles previ desde muito cedo e não me parece que seja uma questão de mensagem. Se a equipa tem um comportamento diferente num jogo entre uma parte e outra, como é que a mensagem pode passar numa e não noutra? Uma coisa tenho a certeza, é que os jogadores não vão para dentro do campo sem saber o que vão fazer. Acabo todas as minhas intervenções a perguntar se alguém tem alguma dúvida e nunca ninguém o diz. Agora que há factores que nos levam a que estejamos nesta situação, não tenho dúvidas, já enumerei alguns».