Lisandro López e Lucho González são dois admiradores confessos do futebol de Paulo Assunção, apontando o médio defensivo como o melhor jogador da presente edição da Bwin Liga. Os elogios surgem de vários quadrantes, generalizados entre a crítica desportiva e elementos de outros clubes, mas «Sunça», como é conhecido, tem um defeito.
A posição que ocupa no terreno de jogo, aliada à falta de sorte nos últimos anos, colocam Paulo Assunção como um autêntico caso de estudo, um exemplo a apontar quando se fala em divórcio com as balizas adversárias: o trinco do F.C. Porto não marca um golo há 4 anos, 3 meses e 11 dias!
Paulo Assunção tem tudo o resto, qualidades tremendas, e não leva a mal quando lhe falam nesse fraco pecúlio. Os companheiros de equipa brincam com a situação e o brasileiro, naquele seu jeito sempre tranquilo, lá vai dizendo que o seu dia há-de chegar.
98 jogos pelo F.C. Porto, 0 golos
A 7 de Dezembro de 2003, num Gil Vicente-Nacional, um médio da formação insular contribuía para um verdadeiro festival de golos (4-4). Assunção bateu Paulo Jorge ao 18º minuto de jogo. Era o seu segundo tento com a camisola do Nacional da Madeira, depois de uma corrida desenfreada no terreno do Paços de Ferreira, na época anterior, que perdurou na memória colectiva (veja o vídeo em anexo).
Nunca mais. Desde esse dia, na 13ª jornada da Liga, as balizas fecharam-se para Paulo Assunção. No final da época, foi abordado pelo Sporting, rumou ao F.C. Porto à última hora e fez escala no AEK de Atenas para ganhar experiência. Na Grécia, com Bruno Alves, começou a brilhar. 24 grandes jogos, 0 golos.
O médio brasileiro regressou a Portugal no início da época 2005/06 e cimentou a sua posição no Dragão. Três épocas depois, após quase cem jogos (98 em todas as competições), ainda não saboreou aquele momento de glória individual que calmamente procura, no silêncio que lhe serve de imagem de marca. Os únicos golos (4) em tons azuis e brancos remontam a 2000, quando passou pela equipa B do F.C. Porto, antes do regresso ao seu Palmeiras.
«Deixem-no marcar um penalty»
No Brasil, Paulo Assunção foi galgando terreno até à equipa principal na companhia de Adalto. O lateral do V. Setúbal recorda quase cinco anos de convivência nas camadas jovens do Palmeiras e garante que o médio até marcava uns golitos.
«Marcava sim, mas jogava com maior liberdade no terreno, agora ele tem de ficar naquele espaço, fica mais difícil. Já nessa altura, o Sunça, como lhe chamamos, tinha grande qualidade e era chamado às selecções jovens do Brasil. Acredito que ele vai voltar a marcar. Se houver um penalty, deixem ser ele a marcar, para ver se acaba com isso. Só não pode ser contra o Setúbal», atira o amigo de longa data.
Rentería, o avançado colombiano cedido ao Estrasburgo, alinha pelo mesmo diapasão. «Ele nos treinos ainda ia marcando, isso lembro-me, nos jogos é que não conseguia. Mas é natural, estando tão longe da baliza. Joga muito fixo, não é como o Lucho ou o Raul Meireles. Mas pronto, enquanto durar o contrato, há sempre esperança», brinca o ponta-de-lança, em conversa com o Maisfutebol.