Um dia depois do apuramento para o Mundial, é quase inevitável começar a fazer as primeiras contas ao grupo que Paulo Bento vai levar à fase final, no Brasil. Claro que as lesões e as oscilações de forma vão desempenhar um papel importante nos próximos meses. E, de dezembro a maio, não é impossível que algum jogador até agora fora da órbita da seleção venha a juntar-se às opções do técnico, como aconteceu com Nélson Oliveira em 2012, ou com Bruma e William Carvalho, nas últimas convocatórias.

Mas, sendo Paulo Bento um técnico pouco dado a revoluções e que, a exemplo da maioria dos selecionadores, sacrifica as inovações às manifestações de confiança em quem já lhe deu provas, não é difícil proceder a uma primeira organização de hierarquias no grupo alargado que nesta altura sonha com o Brasil.

Intocáveis

Há um grupo de jogadores que só em caso de lesão ou castigo fica fora das convocatórias. Não é difícil defini-lo: inclui o onze titular que Paulo Bento utiliza sempre que pode, desde o play-off com a Bósnia, há precisamente dois anos: Rui Patrício, João Pereira, Pepe, Bruno Alves, Fábio Coentrão, Miguel Veloso, Raul Meireles, João Moutinho, Nani, Hélder Postiga e Cristiano Ronaldo. Mesmo que alguns venham a ser pouco utilizados no resto da temporada, farão sempre parte dos planos do selecionador – ainda que, em alguns casos, o estatuto de titular possa ser posto em causa.

Prováveis

Para além destes onze nomes, de entre os 49 utilizados pelo selecionador nestes três anos, há mais alguns que, não sendo intocáveis, fazem parte do núcleo duro, sendo previsível que só não venham a estar no Brasil se deixarem de jogar nas respetivas equipas por um período prolongado. Beto, Neto, Ricardo Costa, Josué, Varela e Hugo Almeida estão neste lote.

Possíveis

A partir daqui, o lote fica mais aberto: há duas dezenas de nomes para seis ou sete vagas. Eduardo já foi primeira escolha, perdeu estatuto no grupo e recuperou-o com a lesão de Anthony Lopes, que poderá voltar aos planos em 2014. Na defesa, a polivalência costuma ser um trunfo importante em fases finais, até por permitir abrir outra vaga para lugares da frente. Nesse sentido, André Almeida e mesmo Sílvio podem partir em vantagem perante especialistas como Antunes e Cédric, desempenhando a mesma função do agora eclipsado Miguel Lopes no Euro-2012.

Para centrais, as quatro prioridades de Paulo Bento parecem bem definidas, sobrando hipóteses distantes como Rolando, Sereno ou o sempre ignorado José Fonte para qualquer emergência. Esperanças como Ilori e Paulo Oliveira também estão no radar, mas dificilmente ganharão estatuto de selecionáveis até junho.

No meio-campo, a estrela em ascensão é claramente William Carvalho, que depois da estreia em Estocolmo deverá ter oportunidade de reforçar posição no grupo. A versatilidade de Rúben Amorim dá-lhe boas opções de integrar o lote de 6/7 médios no grupo final, enquanto Adrien, André Martins e André Gomes podem tornar-se, a prazo, alternativas aos nomes habituais. Já Rúben Micael um dos nomes-fetiche do selecionador, vai depender muito do que fizer no resto da época, o mesmo acontecendo com Paulo Machado e Manuel Fernandes, que há algum tempo deixaram de integrar as chamadas.

Na frente, o lote de extremos e avançados pode incluir mais dois nomes. As constantes ausências e lesões pontuais de Danny estão a transformá-lo numa opção descartada, apesar da época estrondosa que vem cumprindo na Rússia. Vieirinha era aposta fixa, até à lesão, que coincidiu com a entrada em cena de Bruma. Pizzi e Licá surgem, nesta altura, como opções distantes, tal como outros alas que já estiveram na órbita da seleção, como Bruno Gama e Hélder Barbosa. No eixo, Éder tem ganho a dianteira a Nélson Oliveira como eventual alternativa aos dois pontas de lança mais usados por Paulo Bento. Mas, também aqui, os próximos meses vão confirmar ou redesenhar as prioridades.

Os 49 jogadores utilizados por Paulo Bento desde que assumiu a seleção

Guarda-Redes: Eduardo, Rui Patrício, Beto

Defesas: Fábio Coentrão, Pepe, Ricardo Carvalho, Bruno Alves, João Pereira, Bosingwa, Rolando, Sílvio, Nélson, Eliseu, Miguel Lopes, Ricardo Costa, Neto, Sereno, Antunes, André Almeida;

Médios: Manuel Fernandes, Paulo Machado, Tiago, Raul Meireles, Carlos Martins, João Moutinho, Miguel Veloso, Ruben Micael, André Santos, Hugo Viana, Custódio, Rúben Amorim, André Martins, Josué, William Carvalho

Avançados: Nani, Cristiano Ronaldo, Hugo Almeida, Varela, Hélder Postiga, Danny, Quaresma, Varela, Nuno Gomes, Nélson Oliveira, Éder, Pizzi, Hélder Barbosa, Vieirinha, Licá

Houve mais nove jogadores convocados e não utilizados: Anthony Lopes, Cédric, André Gomes, Adrien Silva, Ventura, Bruno Gama, Castro, Ruben Ferreira e Nuno André Coelho.

Marcadores dos 76 golos: Cristiano Ronaldo, 24; Hélder Postiga, 16; Nani, 7; Hugo Almeida, 6; Bruno Alves, 4; Varela, 4; Raul Meireles, 2; Fábio Coentrão, 2; Rúben Micael, 2; Ricardo Costa, Pizzi, Nélson Oliveira, Pepe, Miguel Veloso, João Moutinho, Eliseu, Danny e Carlos Martins, 1