«Vou aproveitar porque esta pode ser a minha última entrevista». Foi assim que Palatsi respondeu à solicitação do Maisfutebol. O guarda-redes francês está no desemprego. Não renovou pelo V. Guimarães, esteve a um pequeno passo de regressar ao Beira Mar, mas tudo não passou de uma possibilidade. Foi arma eleitoral do presidente Artur Filipe, porém do interesse à concretização a distância foi considerável: «Fiquei magoado e triste», não esconde. «Vou esperar mais duas ou três semanas. Se não tiver clubes interessados, vou ponderar abandonar o futebol», responde o guarda-redes, que ontem esteve na cidade-berço, no jogo de solidariedade ao malogrado Hugo Cunha.
Figura divertida e bem-disposta, o guarda-redes francês, de 35 anos, contrasta com a tristeza e a amargura de quem gostava de regressar aos relvados. Por enquanto, treina-se nos Dragões Sandinenses «para manter a forma» e espera que o telefone toque: «Estou à espera de poder integrar os quadros de um clube. Felizmente, existe uma lei que possibilita aos jogadores desempregados serem inscritos depois do encerramento do período de transferências». É isso que lhe dá alento para olhar com optimismo para o futuro. Mas não irá esperar muito mais tempo. «Tenho vontade de continuar, mas posso ter de desistir porque é impossível estar eternamente à espera de uma possibilidade hipotética. O meu país é a França e terei de regressar».
Ser treinador é uma hipótese? «Não», responde de forma pragmática: «Tenho uma forma de estar muito diferente da maioria das pessoas. Sou frontal, portanto, acho que o meu feitio não me permite exercer funções como treinador». Palatsi diz ter tido «contactos com dois ou três clubes», mas a resposta foi sempre a mesma: «Já tinham três guarda-redes». Nada feito. «Se calhar, fiz apostas erradas durante o defeso, agora estou a pagar por isso». Uma frase com sentido: «Comprometi-me com o Beira Mar, dei a minha palavra ao presidente e recusei vários convites da liga sempre a pensar no Beira Mar, onde queria terminar a carreira. Mas, por várias razões, acabei por não assinar contrato. Isso deixou-me magoado e triste».
Um compromisso que prejudicou o seu regresso à competição, porque «os plantéis dos clubes já estão fechados» para grande mágoa sua: «Estou a treinar nos Dragões Sandinenses para manter a forma e ter cabeça arejada, porque tenho muitas saudades quando vejo jogos na televisão». Quatro épocas no V. Guimarães, um golo marcado, são o saldo de Palatsi, um nome das balizas portuguesas que se distinguiu no Beira Mar. Mas sem rancores: «Não estou magoado pela forma como saí do V. Guimarães. As pessoas pensaram que eu não servia. E ponto final. Mas gostava de ter continuado, porque quem se classifica para as competições europeias gosta de disputá-las. Infelizmente, as pessoas do clube não pensaram dessa maneira.» Agora, só lhe falta uma baliza para se sentir novamente feliz.