O jogo com o FC Porto no próximo fim de semana não sai da cabeça de ninguém no reino do leão. Dos adeptos mas, principalmente, de Jorge Jesus, que mudou mais de meia equipa na receção ao Paços de Ferreira.

O Sporting não deslumbrou na estreia na Taça da Liga 2015/16. Teve algumas pinceladas de nota artística aqui e ali (sobretudo na segunda parte), mas acima de tudo cumpriu com o que estava estipulado no guião. Poupar e ganhar.

CHECK.

Aproveitando uma metáfora à qual recorreu por várias vezes no passado – a do ciclismo – Jorge Jesus optou por resguardar os trepadores para a etapa de montanha. É que logo aí ao virar do ano há uma parede para trepar pela frente. Uma espécie de Alpes D’Huez para a qual vai ser necessária muita pedalada e, acima de tudo, pulmão.

Nesta etapa plana – não pelo valor do adversário mas pela competição em si, leia-se – o técnico dos leões não quis entrar em correrias desenfreadas, em sprints desnecessários. Afinal de contas, se tudo se ganha nos grandes momentos, tudo pode também perder-se nas alturas aparentemente mais inofensivas. Jorge Jesus sabe-o. Talvez melhor do que ninguém no futebol português.

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Por isso mesmo, numa competição encarada como uma espécie de plano B, o Sporting entrou em campo com seis alterações relativamente ao onze que apresentou no último jogo oficial, contra o União da Madeira. Jesus lançou de início os meninos Matheus e Gelson, recuperou André Martins e deu os primeiros minutos ao ítalo-argentino Ezequiel Schelotto.

Se há elogio que pode ser feito a este Sporting é que vai ficando cada vez mais provado que o plantel talvez não seja assim tão curto como se pinta. É que o leão em economia passou no teste contra a única equipa que lhe roubou pontos esta época em Alvalade em jogos para o campeonato.

Uma vitória que tem acima de tudo o cunho de Gelson e de Matheus, que aos pouco vão-se impondo como gente grande no Sporting 2015/16.

O primeiro começou a fazer a diferença logo cedo. Aos 13 minutos, recebeu um cruzamento largo da esquerda e de cabeça amorteceu para Aquilani, que rematou forte e colocado para o primeiro do jogo.



O golo do Sporting fazia justiça ao domínio territorial patenteado pela equipa de Jorge Jesus, que não cedia palmo de terra para que os pacenses conseguissem construir. Aqui também há que destacar a dupla composta por Adrien e Aquilani, sempre muito coesos e eficazes a anular o trio do meio campo composto por Pelé, André Leal e Christian.

Com Adrien Silva em bom plano a municiar as faixas (principalmente a esquerda), o Sporting controlava o tempo e o espaço. Instalava-se confortavelmente no meio campo ofensivo. Mesmo sem forçar, ia criando desequilíbrios, empurrando a equipa de Jorge Simão para o seu reduto defensivo.

Matheus e Gelson (como eles jogam!) davam água pela barba ao setor mais recuado pacense. Irrequietos partindo das faixas para o meio ou aproveitando o espaço entre os centrais e os laterais, eram um quebra-constante para os defesas do conjunto visitante.

A um Paços amorfo ia valendo Rafael Defendi. Uma, duas, três vezes. Valeu Defendi e, também, Marcelo Boeck, que meteu água mesmo a fechar a primeira parte e deixou entrar um remate (aparentemente) inofensivo de Christian. E os pacenses foram para o descanso empatados.
 
Se foi notório que Jorge Jesus tinha a cabeça no jogo com o FC Porto esta noite, mais claro ficou quando fez sair Adrien Silva ao intervalo. O médio estava a ser um dos melhores em campo, mas lá está… há que ser resguardado para a etapa de montanha.

Com a entrada de João Mário para o lugar do capitão do Sporting, os leões apertaram o cerco à área pacense. Cresceram e arrancaram para uma exibição com traços de genialidade em alguns momentos da etapa complementar. Entraram a todos o gás, sem travões, na segunda parte. E foi sem surpresas que Gelson fez o 2-1 aos 53’ após nova jogada desenhada pelo menino a meias com o experiente Jefferson.



Diante de um Paços pouco... Paços para o que já se viu dele este ano, o Sporting acumulava situações de golo. Começava a soltar a nota artística, quase sempre com Gelson e Matheus no centro da tela.

Até que aos 72’, numa altura em que Jesus já tinha esgotado todas as substituições, Bryan deu o toque de artista numa noite em que o leão soube ser competente. O costa-riquenho, que tinha entrado alguns minutos antes para o lugar de André Martins, sentou Defendi e levantou Alvalade para a terceira explosão da noite.

Foram três, podiam ter sido mais, tal o desnorte da equipa de Jorge Simão na reta final do encontro. Valeu Defendi mais um par de vezes e o poste direito a negar o golo a Slimani por duas vezes.

Missão cumprida, sem sobressaltos de maior, no cair do pano de 2015. Na noite do «despertar da força» dos meninos. O Sporting vai chegar fresquinho à tal etapa de montanha.