União Argentina de Râguebi (UAR) devolveu a braçadeira de capitão a Pablo Matera e reintegrou-o na equipa, assim como aos outros dois companheiros - Guido Petti e Santiago Socino – que também tinham sido suspensos por comentários racistas e xenófobos nas redes sociais.
As publicações foram feitas entre 2011 e 2013, mas só agora foram conhecidas publicamente e geraram polémica. Numa das publicações, o capitão Pablo Matera escreveu: «África do Sul! Finalmente vou deixar este país cheio de pretos», tendo dito noutra: «Bela manhã para sair de carro e atropelar pretos.»
Além de comentários racistas, há também publicações xenófobas - «O ódio aos bolivianos, paraguaios, etc. nasce por causa empregada que uma vez a deixou cair um cabelo na tua comida» - e comentários contra pessoas obesas.
Guido Petti acusa negros de «roubo de telemóveis e carteiras» e chama «primata» à empregada doméstica. Já Santiago Socino pede mesmo que haja uma separação dos negros nos transportes públicos.
Essa falta de homenagem reacendeu um antigo debate existente na sociedade esportiva argentina entre futebolistas e rugbiers. Paralelamente a isso, nesta segunda-feira (30) surgiram tweets antigos de Matera, Petti e Santiago Socino, com comentários racistas, sexistas e xenófobos. pic.twitter.com/2nMHSdaYLx
— Futebol Albiceleste (@fut_albiceleste) December 1, 2020
Após terem sido conhecidas estas publicações, a federação retirou a braçadeira de capitão a Pablo Matera e suspendeu os três atletas, deixando-os de fora do último jogo do Torneio das Três Nações, frente à Austrália.
Os jogadores foram, entretanto, ouvidos, esta quarta-feira, na Comissão de Disciplina. Em comunicado, a UAR começou por dizer que «repudia estritamente este tipo de manifestações»: «Prejudicam todo o râguebi argentino sem exceção e não representam o que é nosso desporto».
Disse ainda que «durante o depoimento, os três jogadores expressaram seu profundo pesar, reiteraram o pedido de desculpas, ratificaram que não é o que pensam e que foi um ato temerário típico da imaturidade. No entanto, assumem-se totalmente responsáveis , pelo que se colocaram à disposição da comissão para investigar as circunstâncias e procurar corrigir os danos causados.»
«A Comissão Disciplinar considerou e valorizou a atitude dos três envolvidos durante este processo, e entende que eles não repetiram ações semelhantes durante estes mais de oito anos, e que, durante este tempo, mostraram ser pessoas de valores firmes e íntegros e dignas de fazer parte da nossa equipa», pode ainda ler-se.
O processo disciplinar continua, mas, «nesta primeira instância [a Comissão Disciplinar] considera que é desnecessária a manutenção de medidas preventivas, pelo que resolve levantar a suspensão dos três jogadores e restaurar a capitania de Pablo Matera».