Há jogos que valem mais do que três pontos. Este foi um deles. Mais do que uma vitória fundamental, o P. Ferreira ganhou esta tarde uma alma nova. A formação pacense teve que lutar contra tudo e contra todos, numa tarde que parecia encaminhar a equipa para o abismo, e acabou por sair em festa depois de um final heróico que deu a volta ao jogo.
A equipa continua sobre a linha de água, é certo que sim, mas ganhou um ânimo importante para enfrentar um final de Liga complicado, que marca já no calendário confrontos com dois adversários directos (Naval e Rio Ave) antes de se deslocar aos Barreiros, a Braga e de receber o Benfica para um final de campeonato trágico.
Já o E. Amadora gastou grande parte do balão de oxigénio conseguido com as duas vitórias que antecederam esta derrota e sai da Mata Real dois pontos apenas acima da linha de água. O tremor da despromoção volta a tolher as boas intenções na Reboleira, mas não deixa de ser justo. O E. Amadora nunca mereceu ganhar este encontro.
O golo de Didi em tempo de compensação só trouxe justiça a tudo o que tinha sido o jogo. O P. Ferreira dominou do princípio ao fim, mesmo sem jogar bem actuou coeso, com as linhas próximas, bem aconchegado sobre o relvado, rápido sobre a bola e autoritário sobre o jogo. Lançou ataques em série e não deixou o adversário responder.
Primeiro a depressão, depois a euforia
Mais ou menos a partir dos quinze minutos começou a desperdiçar oportunidades de golo numa sucessão louca. Didi, Didi, Pedrinha, Rui Dolores, Didi e Pedinha. Em dez minutos o P. Ferreira deitava fora seis ocasiões claras para marcar. Pelo meio, o E. Amadora - uma equipa que defende com pujança e sai muito rápida para o contra-ataque - não conseguia nem importunar o guarda-redes Pedro (que relegou para o banco o brasileiro Peçanha. O mote do jogo permaneceu o mesmo até ao final da primeira parte e regressou ainda o mesmo dos balneários. Toni já trocara Paulo Machado por Bevacqua e NDaye pelo lesionado Manú, mas o Estrela não saía do seu meio-campo.
Até que uma falha enorme na defesa pacense permitiu a NDaye encostar para golo um cruzamento de Tony que percorrera toda a linha de baliza sem que ninguém o afastasse. O E. Amadora colocava-se em vantagem sem saber muito bem como e o P. Ferreira entrava em depressão por culpa própria. Até que José Mota resolve dar o sinal para dentro de campo e assume uma decisão louca. Tira os dois laterais e coloca dois avançados. O público anima-se, a equipa galvaniza-se, as ocasiões de golo sucedem-se e a equipa dá a volta ao resultado. Nos últimos quinze minutos. Com Didi a fazer o golo da vitória mesmo sobre o apito final do árbitro. A justiça tardou, mas chegou.