Seria o segredo mais mal guardado do ano: Sérgio Conceição não seria o treinador de André Villas-Boas, caso este vencesse as eleições do Futebol Clube do Porto.

Fosse pela reorganização estrutural que o novo presidente defendia para o futebol profissional, ou pelo apoio não verbalizado, mas tão obviamente dado, pelo treinador a Pinto da Costa na corrida eleitoral, seria lógico pensar que, com Villas-Boas, mudaria a equipa técnica no Dragão.

A renovação de contrato, como derradeira tentativa de trunfo eleitoral de Pinto da Costa, acabou por baralhar a situação.  

O resultado das eleições não deixou margem para dúvidas: o clube não estava dividido; o clube exigiu mudança.

Mas essa mudança não teria de incluir o treinador.

Muitos dos que votaram na Lista B poderiam aceitar a continuidade de Sérgio Conceição.

Talvez por isso – ou para não desestabilizar a equipa – André Villas-Boas nunca foi claro em relação ao futuro do treinador, ‘agendando’ para o final da época uma conversa com ele e adiando (o anúncio de) uma decisão.

Ou talvez, até, se tenha sentido refém das suas próprias palavras, quando defendeu que Pinto da Costa deveria ter renovado contrato com Sérgio Conceição, após a eliminatória com o Inter de Milão, na época anterior.

A verdade, no entanto, é que acabou por ficar refém, isso sim, de um contrato assinado pela anterior gestão, a dois dias de um ato eleitoral – por muito que se tenha dito que o contrato seria ‘rasgável’ em caso de mudança de gestão.

Tudo o resto é conhecido.

Ou melhor, haverá partes que ainda não são conhecidas e que poderiam ajudar a compreender melhor a esquizofrenia dos últimos dias.

O mais incrível parece ser haver duas partes que desejam o mesmo desfecho (a desvinculação do treinador) mas não haver quem dê o primeiro passo.

O nome de Vítor Bruno até já tinha sido alvitrado como possível candidato a treinador principal do FC Porto noutras alturas e noutras circunstâncias.

O processo poderia até ter sido fácil; não o foi, desde logo por clara inabilidade comunicacional.

Toda esta incomunicação gera um ruído gigantesco, sem que se consiga ouvir a prometida conversa. Quanto a isso, um silêncio ensurdecedor.

O tempo voa e a nova época não tarda.

O FC Porto vai partir para uma temporada deveras exigente e difícil com condicionantes financeiras que podem ser limitações competitivas.

Cada dia que se perde pode pesar no desempenho na nova época.