Os receios, alimentados à distância, confirmaram-se no dia da chegada. Alguns colegas de profissão (alguns dos quais também amigos), tiveram uma noite de pesadelo. Um deles acordou mesmo de madrugada com uma arma apontada à cabeça. Outros tiveram a sorte (?) de permanecer a dormir, enquanto lhes levavam tudo menos a roupa que vestiam.

Não é preciso conhecer muito bem a África do Sul para saber que isto podia acontecer. Conheço várias pessoas que garantiam que tudo ia correr bem. Disseram-no, acima de tudo, por amor ao país. Por quererem acreditar nisso. Respeito sempre quem pensa com o coração, mas não é preciso muito tempo por cá para perceber que o perigo está sempre à espreita. E nem foi preciso o sol esconder-se. Estou há doze horas no país, aproximadamente, e já aprendi algo com quem aqui vive há várias décadas: o paraíso e o inferno andam, por estes lados, de mãos dadas.

Um país com um imenso valor paisagístico, com enorme potencial económico, continua a ser «abafado» pelo crime. É pena. A África do Sul é o principal representante do continente, mas podia ir bem mais além.

O ambiente, no que diz respeito à violência, é proporcional à amplitude térmica que se faz sentir. Esta tanto pode ser uma experiência fantástica, como se pode tornar um verdadeiro pesadelo.

Resta esperar pelo dia 11, quando a bola começar a rolar! Para já o crime vai vencendo 1-0.

«África minha, África nossa» é um espaço de opinião da autoria dos enviados-especiais Nuno Travassos e Sérgio Pereira, jornalistas do Maisfutebol, ao Mundial 2010. Acompanhe todos os pormenores desta «missão», no blog Ntatheli