Só saindo de Portugal se percebe a dimensão de Ronaldo. Em África, por exemplo. Ou no país que organiza o Mundial. Ronaldo está em todo o lado. Só não o vemos na sopa, como um dia brincou Lisandro: de resto, está em toda a cidade de Joanesburgo.

A anunciar marcas desportivas, lubrificantes ou o próprio Mundial, pouco importa. O que interessa mesmo é ter a cara do craque português estampada. Ronaldo é por estes dias um fenómeno mediático superior ao nome do próprio país que representa.

Portugal não é uma coisa bem definida, aliás, é apenas o berço de Ronaldo. Ainda esta terça-feira, por exemplo, em conversa com um taxista (um diálogo que acontece frequentemente), ele me perguntava onde ficava Portugal: o país de Ronaldo.

A conversa mais curiosa, essa, aconteceu com um funcionário do centro de acreditação de jornalistas. Dizia-me ele, enquanto me tirava uma fotografia que vou guardar com carinho para o caso de um dia ser preso, que este Mundial está feito para Portugal.

O mais curioso é que tinha uma explicação: explicou o senhor (ainda novo) que em 2004 fomos a uma final inédita de um Euro, em 2006 repetimos a uma meia-final de um Mundial que não acontecia há quarenta anos e que em tudo isso Ronaldo esteve lá.

«Portugal vai ser campeão. Ronaldo is the man for the job», dizia. Confesso que este «Ronaldo is the man for the job» me ficou na cabeça. Perguntei por Messi. «Não faz as coisas que Ronaldo faz», atirou, enquanto balançava os ombros numa espécie de dança.

Enfim, todas as conversas vão dar a Ronaldo. O que ajuda a explicar, por exemplo, o entusiasmo dos emigrantes de cada vez que o extremo tocava na bola com Moçambique. Ou até mesmo o entusiasmo simples de ouvir o nome dele na aparelhagem sonora.

Compreendo-os. Ronaldo é um fenómeno quase incomparável e é um afago ao orgulho português. O Mundo está de olhos postos nele e isso é acima de tudo um sinal de que pode esperar-se alguma coisa de especial. Ronaldo is the man for the job.

«África minha, África nossa» é um espaço de opinião da autoria dos enviados-especiais Nuno Travassos e Sérgio Pereira, jornalistas do Maisfutebol, ao Mundial 2010