À medida que o Mundial avança, os «navegadores» continuam a dar tiros no convés. Parecem, eles próprios, empenhados em levar o barco ao fundo. Mesmo quando há gente disposta a querer remar na mesma direcção.

Neste caso eram cerca de cem, imunes ao frio, empenhados em apoiar os ídolos que estão habituados a ver apenas pela televisão. Em troca só pediam um gesto de simpatia, nada mais do que isso. Foram completamente ignorados.

O autocarro da equipa das quinas entrou directamente para o parque privativo do hotel e os jogadores foram encaminhados para uma porta secundária, longe dos olhares dos adeptos. Nem uma aparição à janela. Nada! Os gritos e o entusiasmo deram lugar à indignação. «Eles nem merecem que a comunidade portuguesa vá ao estádio», ouviu-se da boca de um dos adeptos menos jovens.

Não há nada que o justifique. Nem mesmo uma eventual decisão da polícia sul-africana. A barreira de segurança estava montada, e aos jogadores bastava cruzar a entrada principal e saudar os adeptos. E mesmo que tenha sido uma decisão superior da Federação Portuguesa de Futebol, lamenta-se que os jogadores não fossem capazes de pensar nos adeptos, que estavam ali para os ver. Tinha bastado aparecer à janela, a caminho dos quartos.

«Há que centrar os adeptos portugueses na atitude, no desejo, na competência e na seriedade que os elementos técnicos estão a colocar na Selecção Nacional», dizia o seleccionador Carlos Queiroz na sexta-feira. É mais fácil pedir do que contribuir para isso. É que o Clube Portugal não liga aos sócios.

«África minha, África nossa» é um espaço de opinião da autoria dos enviados-especiais Nuno Travassos e Sérgio Pereira, jornalistas do Maisfutebol, ao Mundial 2010. Siga-os no blog Ntatheli.