Olegário Benquerença anda feliz da vida. O árbitro fez a estreia no Mundial, no Japão-Camarões, e já sabe que vai dirigir o segundo jogo na competição: o Nigéria-Coreia do Sul. «É um momento indescritível», conta. «É a materialização de um sonho que era uma ambição de infância, o ponto mais alto para qualquer árbitro.»

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Na estreia, acrescenta, não conseguiu evitar «um nervoso miudinho». «Após os cinco minutos de jogo é igual a todos os outros. Até esquecemos o ambiente que nos rodeia. Antes disso, e sobretudo nos dez minutos anteriores a entrar em campo, é uma sensação única de estar ali, de ser visto pelo mundo inteiro. Um privilégio.»

O árbitro português lembra, de resto, que «um Mundial se realiza de quatro em quatro anos» e que «um árbitro tem a possibilidade de ir a um Mundial, no máximo dois, na vida inteira.». «Por isso esta é uma competição distinta. São tantas as emoções dentro de campo que é difícil transportá-las para palavras», acrescenta.

«Todos os dias levamos hora e meia ou duas horas com as vuvuzelas

Olegário Benquerença falou, de resto, esta segunda-feira ao final da manhã, após um treino aberto de parte do grupo de juízes que estão no Mundial. Uma sessão de trabalho orientada pela FIFA que pensou em todos os pormenores: até colocou durante todo o tempo o som das vuvuzelas no sistema sonoro para habituar os árbitros.

O juiz português reconhece que é aborrecido, mas que é um treino eficaz. «O barulho das vuvuzelas é o maior obstáculo dos árbitros neste Mundial 2010, mas estamos em igualdade de circunstâncias com os jogadores», garante. «Fazemos um trabalho diário de habituação a esse ruído, que é verdadeiramente ensurdecedor.»

Olegário Benquerença revela que o trabalho começa a fazer efeito. «Passamos aqui uma hora e meia ou duas horas a levar com este barulho. Chega a uma altura que já nem se nota», conta o árbitro português, que não tem coragem de atacar quem sopra nas vuvuzelas: «Não são o inimigo, dão um colorido ao espectáculo.»

«As minhas ambições serão concretizadas amanhã»

Entretanto, e num regresso na conversa à participação de Olegário no Mundial, o árbitro diz que esta terça-feira, no Nigéria-Coreia do Sul, cumpre os objectivos traçados de início. Recorde-se que Olegário tinha um jogo seguro e a ambição de apitar o segundo. « Fazendo o segundo jogo cumpro os objectivos», garante.

«A partir daí estou preparado para tudo. Desde chegar ao final da primeira fase e regressar a Portugal como é normal. De qualquer forma a esperança é a última que morre e vamos trabalhar amanhã para tentar conseguir continuar na competição, sendo certo que é muito difícil atendendo à qualidade dos árbitros.»