A profunda dor de uma perda chegou na manhã deste domingo ao Odivelas Futebol Clube sem avisar. Luís Rodriguez, jogador português de 23 anos, foi encontrado sem vida na sua casa pela família, aumentando a lista de futebolistas que inesperadamente encontram a morte. Em Odivelas ainda não se quer acreditar no que aconteceu e ninguém tem explicações para o fatídico acontecimento.
«Não conseguimos entender, ninguém consegue entender», diz incrédulo Luís Batista, presidente da SAD do Odivelas, ao Maisfutebol. «Não há explicações», esclarece, contando a manhã negra vivida momentos antes da confirmação da tragédia: «A mãe dele, quando estranhou que não se levantava para ir para a concentração para o jogo, reparou que algo não estava a correr bem. Assim que se apercebeu chamou o 112.»
Nesta altura, ainda ninguém sabia de nada no local onde os jogadores do Odivelas se concentravam para o jogo desta tarde da II Divisão B, com o Santo António, dos Açores. «Às 10h15-10h20, ele já costuma estar connosco», lembra. «Demos por falta dele», salienta, relatando o que aconteceu de seguida: «Temos um jogador que vive ao pé do Rodriguez, o Semedo, que ligou para casa dele e fomos informados pelo irmão que estavam lá os médicos do 112 e que alguma coisa se estava a passar de grave com o Rodriguez.»
A triste novela
Perante este cenário, Luís Batista e Semedo correram para casa do jovem jogador. «Desloquei-me logo com esse jogador para a casa dele, mas quando chegámos não havia nada a fazer», lembra. «Quando lá cheguei, a um quarto para as onze da manhã, o óbito foi confirmado pelo médico que se deslocou do 112», lamenta. Luís Rodriguez, aos 23 anos, perdia a vida. A dor invadia a alma de todos os que viviam de perto com o futebolista. «Os jogadores e o resto do grupo deslocaram-se de imediato para a casa do Rodriguez. Estivemos lá até por volta das 12h30, depois, a meu pedido, viemos para Odivelas, porque o ambiente estava demasiado pesado.»
O jogo com o Santo António ficou fora dos pensamentos dos responsáveis do clube. «Esperámos pelas 15h e fizemos o minuto de silêncio. Agora estivemos a tratar da situação do corpo. Já está no Instituto de Medicina Legal que era o que nos preocupava mais porque estes casos costumam demorar muito tempo. Este foi rápido», salienta, acrescentando que o jogo da tarde foi esquecido: «Tínhamos um jogo por realizar, perdemos por falta de comparência, não disputamos.»
Que fazer agora?
O jogador vivia com os pais e com irmãos. Aparentemente nada consegue explicar a morte. «Não sabemos se foi uma situação que se passou durante a noite ou já na manhã», refere. «Vamos aguardar pelo resultado da autópsia», aponta. «Agora é uma dor total à volta de toda a gente», diz em relação ao estado de espírito existente nada sede do Odivelas, que apresenta agora a bandeira a meia haste.
O acompanhamento psicológico dos jogadores é agora a principal preocupação dos responsáveis do Odivelas. «Acompanhamento psicológico de todo o plantel», garante, «A melhor terapia que podemos fazer agora é, todos em conjunto, falarmos sobre isto», refere. «Tivemos hoje uma conversa no balneário», revela. «Temos de nos ajudar mutuamente, eu preciso e eles também. A nossa terapia será de grupo», diz, salientando que apoio o profissional também será requisitado. «O clube tem um psicólogo, mas se for necessário recorrer ao exterior iremos fazê-lo», assegura, afastando também o cenário de disputar a próxima jornada da II Divisão B, com o Mafra: «Temos um jogo no domingo e vamos solicitar ao Mafra para o adiar. Se não pude adiar, iremos sofrer mais uma falta de comparência. Neste momento não é isso que conta, mas sim a recuperação de todo o grupo de trabalho. Isso é que nos interessa.»
O corpo de Luís Rodriguez, 23 anos, será agora autopsiado, presumivelmente esta segunda-feira. Se for o caso, terça-feira será realizado o funeral.