O fim dos empates: três razões para o não

1. Acabar com os empates?! A próxima proposta que está na calha deve ser acabar com os campeonatos e passar a disputar todas a provas em sistema de eliminatórias... Pois é intrínseco às competições em que «jogam todos contra todos» haver três resultados: a vitória, o empate e a derrota. E naquelas segundas é que não. Até nas fases de qualificação (Mundiais, Europeus) há as três possibilidades de resultados. Pois se jogam todos contra todos... Nas eliminatórias é que não. Pois se são a eliminar, tem de haver um vencedor logo naquele confronto...
2. Pode haver apenas dois resultados possíveis? Pode. Mas não deve! As oscilações nas classificações (caso continuem a haver classificações, insiste-se) serão muito maiores e, talvez, mais difíceis de controlar. É uma questão de hábito. Será com certeza. Mas para quê? Pode tornar-se muito injusto. Faça-se um exercício de imaginação simples: duas equipas, a A e a B, com os mesmos seis pontos. Numa jornada a equipa A empata, vai a penalties e ganha. A equipa B empata, vai a penalties e perde. Nove pontos para a A e os mesmo seis para a B. Próxima jornada: a equipa A volta a ganhar três pontos nos penalties; a B volta a perder. Doze pontos para a A, os mesmos seis para a B. Resumindo: os mesmo resultados para as duas equipas no final dos tempos regulamentares, uma diferença de seis pontos entre as duas. Não queiramos imaginar um campeão que não consegue ganhar um jogo em 90 minutos... É absurdo! Pois é! Mas é possível. Serão as novas regras... Pois serão! Mas não parece a coisa mais justa para fazer aos jogadores... ou às provas...
3. Por último, o que acontecerá às chamadas «equipas que jogam para o empate», às quais já se está tão habituado? Condenam-se à extinção? Muitos gostariam que assim fosse. Ideia até aceitável em favor do espectáculo. Mas é preciso cuidado. O feitiço pode voltar-se contra o feiticeiro. As «equipas que jogam para o empate», por regra e felizmente, só às vezes o conseguem e, na maior parte das vezes, perdem. Com a decisão por penalties, elas «arriscam-se» a vencer... E muitas vezes! Mais. E que o acontecerá quando «nenhuma das equipas merece ganhar o jogo», quando «deveriam perder as duas»? Com o empate, do mal o menos, está o caso resolvido. Com a decisão por penalties vai ficar a pairar no ar uma certa injustiça. Quanto mais não seja para connosco...