Herança familiar, tributo a um ADN competitivo. O clã Alves dá mais um herdeiro ao futebol nacional. Depois de Geraldo e Bruno, é a vez de Júlio. Todos filhos de Washington, também ele um antigo participante no campeonato nacional.

A estreia do mais jovem teve lugar no passado domingo. Apenas com 19 anos e logo no Estádio do Dragão. O Maisfutebol foi conhecê-lo melhor.

O cabelo encaracolado, os traços faciais, a forma como corre. Não há dúvida possível. Júlio é um Alves da cabeça aos pés. Está a «cumprir um sonho de criança» e sente-se «realizado» pela primeira aparição na equipa sénior do Rio Ave. A noite esteve muito perto de ser perfeita.

«Foi uma óptima sensação. Nunca tinha jogado num estádio tão grande e tão bonito. Ainda por cima estive perto de marcar. Nem sei como iria celebrar. Foi tudo muito rápido. Não sei exprimir o que senti ao ver a bola passar tão próximo da baliza», revela, envergonhado com as perguntas do jornalista.

«Se eu marcasse ao Porto, o Bruno ficava dividido»

Das cadeiras azuis para a relva. Da expectativa para a primeira linha de combate. Júlio Alves passou de espectador no Dragão a protagonista. Foram anos e anos a não perder «um único jogo do Bruno» de azul e branco. Quis o destino que a primeira marca na Liga fosse precisamente no estádio que tantas vezes visitou.

«No F.C. Porto não apreciavam as minhas qualidades»

«Ia ver sempre todos os jogos do meu irmão ao Dragão. Ele gosta muito do F.C. Porto e foi especial também por isso. Se eu marcasse ele ia ficar dividido, de certeza. Contente por mim e triste pelo Porto.»

Ironia das ironias, o livre tão bem apontado por Júlio saiu de umas chuteiras de Bruno Alves. «São um talismã para mim. Tenho muito orgulho em usar as botas que o meu irmão me ofereceu. Calçamos o mesmo número e assim não tenho de comprar. É uma vantagem», diz a sorrir.

«O Júlio foi preparado para ser um box-to-box»

Formado no Varzim, Júlio começou a jogar com nove anos nos infantis dos lobos do mar. No primeiro ano de júnior passou para o F.C. Porto, antes de ingressar no Rio Ave. De repente, depois de seis meses cedido ao Ribeirão, tudo lhe está «a acontecer demasiado depressa.»

A gestão de tantos sentimentos é feita em casa. Uma casa dominada pela voz paternalista de Washington Alves, um homem já muito habituado a ver os filhos nas primeiras páginas dos jornais.

«Não há diferença nenhuma entre o Júlio e os irmãos mais velhos. Todos eles lutaram para chegar longe. O Júlio chega à primeira divisão no momento certo. Os seis meses no Ribeirão fizeram-lhe muito bem. Ganhou mais confiança e a dimensão do futebol dele cresceu», explica ao Maisfutebol, enquanto traça o perfil do médio.

«O Júlio foi preparado para ser um box-to-box. É um tipo de médio que o futebol europeu pede. Sabe defender, criar e finalizar. A pressão está sempre presente. Fazer parte de uma família do futebol só pode trazer-lhe coisas positivas.»