Nuno Assis foi o convidado semanal da entrevista Maisfutebol/Rádio Clube. O médio do V. Guimarães disse que a pressão dos adeptos vimaranenses é maior do que no Benfica. E citou o treino de quarta-feira como exemplo, depois de os seguidores do clube terem manifestado o seu descontentamento (Clique no link relacioando e oiça o áudio).
O que mudou no V. Guimarães, agora que regressou?

Os clubes vão evoluindo, aprendem com os erros e com o passar do tempo vão ficando melhor. O Vitória melhorou, mas penso que pode evoluir, porque é um clube enorme e diferente. Saí numa altura complicada, que coincidiu com a saída de um presidente que estava no clube há 20 e tal anos. Foi um presidente que marcou bastante o clube e deixou-o com alguns problemas financeiros. Mas este clube tem todo para ser maior ainda, porque tem condições para isso e tem uma cidade que o vive intensamente.
Para quando um V. Guimarães a lutar pelo título?
Em Portugal, tirando os três grandes é difícil uma equipa chegar lá. Num ano ou outro há sempre alguém que chega perto, mas no seguinte as coisas já não saem tão bem. Em termos financeiros, os orçamentos não têm nada a ver, logo aí é difícil. Depois há outros aspectos, mas penso que, daqui a uns tempos, se as pessoas certas se mantiverem no clube, podemos chegar onde se chegou na época passada.
A época passada foi brilhante, acha que isso está a ter reflexos agora?
É normal, depois de uma temporada fantástica, as pessoas esperavam mais. Mas mais do que aquilo é bastante complicado. A expectativa aqui é muito grande. Exemplo disso foi o que aconteceu ontem, no treino, depois de um jogo mau e da eliminação da Taça. Por todos os clubes em que passei, aconteceram situações idênticas, mas não como ontem. O grande sonho destes adeptos era chegar a uma final da Taça, o nosso também era, mas exemplo disso é o que aconteceu ontem. Já estive num clube grande, como o Benfica, com épocas menos boas e isto nunca aconteceu. Estar num treino e ouvir os adeptos.
Sente mais pressão no Vitória que no Benfica?
Sim, em alguns momentos. O que aconteceu ontem já tinha vivido da outra vez que estive em Guimarães. Uma vez estive duas horas e meia para sair do estádio. No Benfica a pressão é diferente. Aqui há mais pressão dos adeptos, lá é mais da imprensa, dos adeptos não é tão forte, tão visível como aqui.
Falou em expectativas altas, acha que Manuel Cajuda está a pagar por isso?
Tem a ver com os adeptos em si, porque é normal que, a seguir a uma época muito boa, as expectativas sejam mais elevadas. Mas lembro-me dos anos que passei aqui que, quando se fazia uma temporada muito boa, as coisas não corriam bem na seguinte. Normalmente até jogávamos para não descer. A época não está a ser tão má, podemos fazer coisas boas. Chegámos a uma meia-final da Taça da Liga e queríamos chegar às da Taça. Se o conseguíssemos, se calhar não se falava nesta situação do treinador, do presidente. Mas é normal no futebol. Ainda temos muito para fazer, faltam alguns jogos e podemos fazer coisas boas.
Manuel Cajuda vai dar a volta a isto facilmente?
Penso que já passou por situações mais complicadas. Acho que não é tão mau como as pessoas fazem passar. Chegámos a uma meia-final, estamos numa situação em que podemos subir alguns lugares na tabela e até chegar à Europa, não estamos assim tão longe. Não dependemos só de nós, mas se fizermos o que nos compete acho que podemos chegar lá. Ele e nós vamos dar a volta à situação, ele próprio conta histórias de momentos mais complicados.
Em relação ao seu desempenho individual. O Nuno Assis leva cinco golos na Liga, onde andava esta veia goleadora?
Tem a ver com a situação de jogo. No Benfica, por exemplo, jogava mais longe da baliza. Não é que não me sentisse à vontade, com o Fernando Santos as coisas correram muito bem e estava fora do meu lugar.