Peças de cristal, frágeis, valiosas. Símbolos do poderoso River Plate no início do século XXI. Calções sempre limpos, imaculados. Dois jogadores, duas redomas de lustro impecavelmente luzidio.
Falamos sobre Javier Saviola e Pablo Aimar. Hoje no Benfica, unidades proeminentes na manobra de Jorge Jesus. Experientes, resistentes ao tempo. Mas em 2000 a realidade não era. El Conejo e El mago eram tratados com pinças, como se fossem duas relíquias, garantias de um futuro financeiramente esplendoroso para o gigante do Monumental.
O planeta-River no Clássico da Luz
Nessa equipa estava também Luiz Nunes, hoje defesa da Académica. Antes do Clássico de domingo, frente ao F.C. Porto, vale a pena recordar o que eram Saviola e Aimar no início da carreira. Sem esquecer Cristian Rodríguez. O uruguaio foi colega de equipa de Luiz Nunes no Peñarol durante três temporadas. Mas sobre o esquerdino do F.C. Porto falaremos mais à frente.
«Nos treinos ninguém podia tocar no Saviola e no Aimar. A qualidade deles fazia a diferença e o treinador Ramon Diaz era ultra-protector», revela o brasileiro ao Maisfutebol. «Em minha opinião o Saviola e o Aimar já eram as maiores figuras da equipa. Por isso percebo todo esse cuidado que os envolvia. O Saviola tinha um futebol simplesmente fantástico, com velocidade e técnica.»
Apesar do visível talento, Aimar ainda passava algumas vezes pelo banco. «É verdade. Já todos olhavam com admiração para o talento dele, mas nem sempre jogava. Ia ao banco com regularidade. Mas eu nem isso», diz, sorridente.
«O Clássico vai ser resolvido pelo amigo Rodríguez»
Luiz Nunes não guarda gratas recordações do River Plate. Chegou à Argentina proveniente do Juventude de Caxias mas o histórico Ramon Diaz poucas oportunidades lhe deu. Fez «uma boa pré-temporada» mas depois poucos meses ficou em Buenos Aires. Só em Montevideu, no Uruguai, recuperou a confiança e a motivação, com a camisola do Peñarol.
Benfica transforma Aimar no melhor argentino do século XXI
Oito anos depois chegou a Portugal. E deu de caras com os dois antigos companheiros de equipa no River Plate. «O ano passado defrontei o Pablo mas não me senti à-vontade para falar com ele. Cumprimentei-o mas penso que não me terá reconhecido. Já passou muito desde os tempos do River.»
Apesar da «admiração» que nutre por Saviola e Aimar, Luiz Nunes confessa estar rendido à qualidade de Cristian Rodríguez. Para o defesa da Académica, será ele a resolver o Clássico. «A vitória vai cair para o F.C. Porto. O meu amigo Cristian adora este tipo de jogos e sinto que vai ser ele a resolver. Tem uma potência muscular incrível.»