Os únicos jogadores destas quatro seleções que já emigraram estão ligados aos Blues. Na Suécia está Ali Suljic, defesa de 16 anos, e também esteve Isak Ssewankambo, médio que joga regularmente nos juniores do Chelsea, que teve de abandonar a seleção por lesão. Na Nigéria o médio Habib Makanjuola já se mudou para Londres e, a prová-lo, fez-se fotografar ao lado de José Mourinho, para meter no Facebook e mostrar ao mundo.
Os dois jovens «Blues» da Suécia são bons exemplos da sociedade multicultural que é a seleção nórdica, a grande surpresa destas meias-finais. Há 13 nacionalidades diferentes entre os 21 convocados suecos. Suljic é de origem bósnia, Ssewankambo tem raízes no Uganda. E, como não podia deixar de ser, não falta lá Portugal. Apresenta-se o avançado Carlos Strandberg, que joga no Hacken e é totalista da Suécia no Mundial: «Aminha mãe é portuguesa, com raízes em Moçambique. O meu pai é sueco, daí o Strandberg.» E ainda há o guarda-redes Sixten Mohlin, com raízes em Cabo Verde.
«Há gente de todo o lado nesta equipa, o que é muito fixe para nós», resume Strandberg, em conversa com o site da FIFA. Não é exagero.
Falta ainda falar dos gémeos Sebastian e Johan Ramhorn, filhos de mãe coreana, ou de Anton Saletros, filho de um imigrante húngaro, ou ainda de Noah Sonko, com raízes na Gâmbia, e Erdal Rakip, turco. E depois há vários jogadores com raízes nos Balcãs. A começar por Valmir Berisha, a estrela da equipa, quatro golos marcados e com o rótulo de próximo Ibrahimovic nas costas.
São todos diferentes e estão a dar-se muito bem com isso. A Suécia conseguiu apurar-se para a fase final de um Mundial de sub-17 pela primeira vez na sua história e, depois de ter terminado em terceiro na fase de grupos, foi repescada e entusiasmou-se. Foi a única seleção europeia que chegou aos quartos de final sequer, das seis qualificadas à partida. Itália, Rússia, Croácia, Eslováquia e Áustria foram ficando pelo caminho.
Nos quartos a Suécia deixou pelo caminho as Honduras e agora tem pela frente a Nigéria, uma seleção com muitos pergaminhos na categoria. Das 15 edições do Mundial sub-17, que se joga de dois em dois anos, a seleção africana venceu três. Ninguém fez melhor, igual só o Brasil. Além disso, a Nigéria tem mais três presenças em finais.
A outra meia-final terá frente a frente dois pesos-pesados. De um lado a Argentina, com tradição nos escalões jovens, do outro o México, que defende o título e nos quartos de final deixou pelo caminho o muito favorito Brasil depois de uma maratona de 24 grandes penalidades.
Vencedor do Mundial sub-17 em 2005, além de 2011, e ainda campeão olímpico em título, o México continua a criar boas gerações de jovens, mas está com dificuldades em aproveitar esse sucesso para a seleção principal, que não conseguiu qualificar-se diretamente para o Mundial 2014 e terá de jogar um play-off com a Nova Zelândia.
No México, o jornal «Universal» notava por estes dias que cinco dos campeões do mundo de 2005 nunca jogaram sequer na primeira divisão mexicana e tentava perceber porque não vingam os miúdos. Lá como cá, debate-se o excesso de estrangeiros no campeonato. O mundo é pequeno.