Feitas as contas, serão 13200 quilómetros que a seleção portuguesa vai enfrentar durante a fase de grupos do Mundial. Uma fatura esperada, e devidamente calculada, que não impediu a opção por Campinas como centro permanente de estágio. A terceira maior cidade do estado de São Paulo, 14ª no país, será a base para as incursões a Salvador no primeiro jogo, com a Alemanha (3860 quilómetros, ida e vinda), a Manaus, para o segundo, com os EUA (7500, ida e vinda) e para Brasília, no terceiro (1840 para as duas viagens). Claro que o objetivo é não ficar por aqui: nos oitavos de final era bom aumentar o saldo de milhas com novas viagens, a Porto Alegre, ou novamente a Salvador. Mas essa será uma situação para ver depois.

Logo que o sorteio determinou que Portugal ia ter um jogo no destino mais longínquo (Manaus), tornando inevitável a realização de viagens longas, a quilometragem deixou de ser um fator prioritário na decisão. As 27 visitas a possíveis alojamento tiveram como prioridade, além da localização e das condições climatéricas, a busca de uma solução equilibrada entre a qualidade do hotel de base e as condições disponibilizadas pelo centro de treinos. Ao que Maisfutebol sabe, esse não era um objetivo fácil: entre as 84 propostas oficiais de alojamento que constavam do dossier da FIFA, muitas envolviam bons hotéis com maus campos de treino e vice-versa.

A abundância de oferta de alojamento na região centro-Sul tornava provável que a melhor proposta viesse daí. O triângulo São Paulo-Rio de Janeiro-Belo Horizonte dispunha de 48 dos 84 alojamentos listados pela FIFA, e 31 dos melhores estavam no estado de São Paulo, que espera garantir o alojamento de, pelos menos, 12 das 32 participantes. A título de comparação, havia apenas quatro hipóteses de alojamento em toda a imensa região Norte, onde se situa Manaus, e somente sete no Nordeste, de Fortaleza a Salvador.

Aparentes pormenores, como as distâncias a percorrer de autocarro entre hotel e campos de treinos, podem ter influência numa estadia que se quer longa: as condicionantes de tráfego habituais no Brasil, podem tornar o risco de engarrafamento num pesadelo quotidiano. Também por isso, a escolha recaiu num hotel recente (foi inaugurado em 2009, mas integra um resort criado em 1999, com outras unidades, mais antigas), que se situa a apenas 17 quilómetros do aeroporto de Viracopos. Está localizado numa zona de periferia de Campinas - cidade que já tem um Parque Portugal como uma das principais atrações turísticas - o que pode ajudar a evitar um isolamento excessivo, que muitas vezes é contraproducente em estágios prolongados. 

O hotel fica a sete quilómetros do centro de Estágios da Associação Atlética Ponte Preta e do estádio Moisés Lucarelli, onde o grupo de Paulo Bento vai trabalhar - à exceção das vésperas e, obviamente, dos dias de jogo. Menos problemático do que o tempo gasto nas viagens diárias seria sempre o tempo de voo, que com a opção por Campinas se fixa em duas horas para Salvador, no dia 15, 3.45 para Manaus, a 21, e apenas 75 minutos para Brasília, a 25.

Não foi por falta de propostas que a escolha demorou: numa equipa com Cristiano Ronaldo como porta-estandarte, as ofertas acumulam-se, permitindo mesmo à FPF anunciar que o contrato ficou fechado em «condições especiais», com financiamento total a partir das verbas atribuídas pela FIFA a cada Seleção. O anúncio foi feito nesta terça-feira também para respeitar o prazo acordado com a organização, já que nesta quarta, 18 de dezembro, terminaria o direito de preferência das seleções que ainda não tinham fechado o compromisso. A partir daí, seria cada uma por si – e são várias as equipas que ainda procuram solucionar esta equação a várias incógnitas, que mistura conforto, condições de trabalho, clima, distâncias e contrapartidas financeiras.

Resta dizer que o plano de trabalho está longe de estar concluído: falta ainda definir o local de estágio em Portugal, bem como as datas de concentração e partida para o Brasil. Uma coisa, para já, parece segura, para a seleção portuguesa e não só: com um fuso horário de três/quatro horas, e com temperaturas médias que nos meses de junho e julho não superam os 20 graus, não haverá demasiadas exigências de adaptação para os atletas, pelo que não há razão para a viagem ser feita com antecedência em relação ao mínimo exigido pela FIFA – cinco dias antes da estreia, que no caso de Portugal é a 16.