José Mourinho voltou a lançar mais uma farpa a Pep Guardiola, seu grande rival em Espanha, numa entrevista ao programa «Revista de la Liga» da Sky Sports. Para o treinador do Real Madrid, em Barcelona há um micro-clima especial, que favorece o antigo médio «culé».

«Ele está na sua casa. Está naquilo que eu chamo o seu jardim. Toda a gente sabe tudo sobre toda a gente, e está altamente protegido pela imprensa local. Ali, os jogadores nascem no futebol e têm a filosofia do clube, não podes comparar este com qualquer outro clube», atirou o «Special One».

Mou está longe de atirar a toalha ao tapete, numa altura em que os catalães apresentam cinco pontos de vantagem: «Nesta geração do Barcelona coincidiram Puyol e Xavi, e quando eles terminarem tentarão produzir outros parecidos. Mas não há clones no futebol e se houver serão sempre piores que o original. Temos de continuar o nosso caminho. Por isso digo que se terminarmos em segundo esta época, e isso parece o fim do mundo, e mudarmos tudo para a próxima época recomeçamos do zero. Se apostarmos na continuidade estamos na direcção certa. Mas não estou a dizer que vamos acabar em segundo! Por que não dizer que podemos ganhar a Taça do Rei e a Champions? Temos hipóteses de ganhar o triplete, de ganhar algo ou de não ganhar nada.»

Guardiola acredita que o recorde do português de três anos sem perder em casa nunca será batido. Mourinho concorda, mas desvaloriza o feito. «Creio que está certo. Esse recorde foi conseguido com três anos na Premiership, dois na Serie A e uma parte na Liga espanhola. São as três melhores competições da Europa. Inclui ainda duas épocas em Portugal e quase 150 jogos. É um recorde incrível, mas honestamente para mim não é nada especial manter esse recorde. Sempre joguei para ganhar e não para manter esta estatística», explicou.

O técnico acredita que «a relação com o presidente é muito boa» e que a temporada «para primeira, está a correr muito bem». No entanto, não arrisca que vai cumprir contrato até ao fim: «Não sei. Adoro o Chelsea, estive em Londres e fui o homem mais feliz até ter chegado alguém que nunca devia ter chegado. No Inter encontrei uma família impressionante. Jogadores e presidente incríveis, mas ao fim de dois anos senti necessidade de mudar. Nunca sabes.»

Apesar de defender que a estrutura do Real é «demasiado grande», José Mourinho sente-se confortável no Bernabéu. «Há meses li uma entrevista de um ex-treinador que dizia que não tinha poder nenhum quando aqui estava. Pensei logo - por que o disseste agora? Deveria tê-lo dito quando estava aqui. Preciso de ter poder de decisão e, depois, a responsabilidade é minha. Não me preocupa ser o responsável mesmo que as coisas não vão na decisão correcta. O problema é quando não tens condições para fazer o que realmente podes», garantiu.

Cristiano Ronaldo está presente em todas as entrevistas do treinador «merengue». Como sempre, Mourinho não poupa nos elogios, e explica por que a sua relação com o compatriota é melhor do que a que tem com Benzema, por exemplo: «Cristiano está no top. Tem 26 anos e está no máximo da sua forma física e maturidade. O objectivo é manter este período o maior tempo possível. Se pode mantê-lo dos 26 aos 32 será fantástico para ele e para o Real. Benzema é diferente. Toda a gente conhece o seu potencial, que é impressionante. Mas todos sabemos também que nos jogos tem de melhorar certos aspectos. Está a trabalhar para melhorar, vai na direcção certa.»

O «Special One» garante que tem tentado explorar ao máximo as potencialidades de CR7. «O debate sobre a posição de Cristiano está sempre presente. É ponta-de-lança? Não acredito, porque é muito melhor no um-para-um e na frente tens muitas vezes de ganhar as costas à defesa. É extremo? Também não acho, porque é um goleador. Quantos golos podes marcar como extremo por temporada? Meia dúzia? Acredito que Cristiano seja uma mistura destas coisas», concluiu.