A Audiência Provincial de Madrid anulou a decisão que previa a sua destruição das 211 bolsas de sangue da Operação Puerto, pelo que estas serão entregues a diversas autoridades desportivas. Estão assim abertas as portas à identificação de atletas naquele que é o maior escândalo de doping do desporto espanhol.

As bolsas de sangue serão entregues às entidades que solicitaram que não fossem destruídas: a Federação Espanhola de Ciclismo (RFEC), a Agência Mundial Antidopagem (AMA), a União Ciclista Internacional (UCI) e o Comité Olímpico Italiano (CONI).

Passaram 10 anos sobre o início da Operação Puerto, prazo limite de prescrição de infrações por doping, pelo que não pode haver sanções desportivas, mas os envolvidos podem ser identificados. Até hoje, apenas três ciclistas de renome foram punidos no âmbito desde processo: o alemão Jan Ullrich, o italiano Ivan Basso e o espanhol Alejandro Valverde.

Em simultâneo, o tribunal absolveu o médico Eufemiano Fuentes, figura central do processo, e José Ignacio Labarta, antigo técnico da equipa de ciclismo Kelme, que tinham sido condenados em primeira instância por delito contra a saúde pública. Foi essa a infração julgada, por não haver na altura dos factos moldura penal para as práticas de Eufemiano Fuentes e, embora tenha ficado provado que os acusados praticaram doping com dezenas de desportistas, ficam sem sanção. O juíz considerou que o sangue que utilizaram para as transfusões não é um medicamento e, por isso, a conduta não se enquadra no delito contra a saúde pública.

De acordo com as investigações, citadas pelo El País, as 211 bolsas de sangue apreendidas a Eufemiano Fuentes correspondem a 35 identidades diferentes, sendo 23 ciclistas e 12 atletas.