Chegada de Sara Moreira ao Porto pic.twitter.com/sDqwlQ5YF2
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November 4, 2014
Além do sorriso, o orgulho era visível no rosto dos pais da atleta. Fernando Moreira, o pai, contou aos jornalistas que era contra a participação de Sara na prova. «Achava que ela não tinha idade ainda para ela fazer a maratona, era a primeira vez que ela corria aquela distância, e ainda por cima aquela maratona, que é muito difícil».
Sara Moreira foi contra a opinião do pai. Da mãe, Ascensão Fonseca, veio a explicação para a opção da atleta. «Ela precisava mesmo de correr. Esteve um mês só sem treinar, por causa da gravidez, mas estava com muita vontade de voltar e nunca mais parou».
«Ela dizia-me sempre: "eu vou lá, quero fazer um tempo 2h27m. não sei em que lugar vou ficar, mas tenho que ir"», contou Ascensão Fonseca. Sara acabou por tirar um minuto a essa marca pretendida e conquistou um terceiro lugar.
Apesar de longe, telefonava sempre à mãe a perguntar «como estava tudo com o menino, como tinha sido o dia na escolinha». Ausente do primeiro aniversário de Guilherme, que foi no sábado, dia antes da prova, pediu aos pais que fizessem uma festa. «Cantou-lhe os parabéns através do computador, muito emocionada», recordou Ascensão Fonseca, garantindo que «toda a família apoiou» a atleta nesta decisão.
De repente, no aeroporto começaram a ouvir-se palmas e gritos: «Sara, Sara». A atleta chegava finalmente e o olhar de imediato se virou para o filho. O sorriso que Sara Moreira trazia de Nova Iorque misturou-se com lágrimas de emoção, que contagiaram muitos dos presentes quando abraçou o pequeno Guilherme.
«Esta medalha foi um presente para ele», contou a atleta aos jornalistas. «Quero que um dia ele venha a saber o porquê de a mãe ter decidido faltar ao aniversário dele e que perceba que não foi em vão».
O momento mais difícil? «Quando cheguei ao 3.º lugar, sozinha nos últimos seis quilómetros ter de gerir toda a ansiedade. A entrada no Central Park é muito dura e tive sofrer bastante para conseguir entrar em terceiro e depois acreditar que era eu que ia conseguir o pódio. Agora só tenho boas recordações, mas na altura custou-me muito».
Comovida com a receção, a atleta sentiu-se orgulhosa por ver «tanta gente a apoiá-la». «É uma sensação indescritível. Estou muito feliz», frisou.
«Ainda estou a recuperar. Fui para Nova Iorque sem pensar em marcas, queria usufruir o momento e foi isso que fiz. No final, o 3.º lugar deixou-me muito orgulhosa. Para mim é um momento histórico. Foi uma aposta minha e um desafio ganho e talvez tenhamos agora uma nova maratonista». Mas explicou depois: «Só por esta prova me ter corrido bem ainda não consigo decidir se serei uma maratonista ou não. Isso ficará para o futuro, até porque tenho de correr outra para perceber as sensações».
Pedro Ribeiro, treinador e marido da atleta, mostra-se mais confiante. «Foi a estreia dela na maratona, ainda por cima numa tão conceituada como a de Nova Iorque. Foi um resultado fabuloso. Está agora a começar nas maratonas, mas terá ainda muitos anos pela frente».