O Mirandela esteve a um triz de se tornar tomba-gigantes, mas perdeu na lotaria das grandes penalidades. Perdeu aliás logo de início: falhou os dois primeiros remates da marca de onze metros. O segundo foi desperdiçado num remate à Panenka mal calculado: Kuca foi o autor do infeliz momento.

O jovem cabo-verdiano, de apenas 19 anos, tirou mal as medidas, rematou a bola muito alta e permitiu que o guarda-redes Jan Oblak tivesse tempo para ir ao outro lado da baliza defender a bola. A partir daí o Beira Mar esteve sempre na frente do desempate por grandes penalidades e acabou por vencer.

Mirandela foi gigante, mas no final tombou ele

Apesar de nas bancadas a ousadia do jovem ter sido recebida com alguma impaciência, no relvado os colegas foram rápidos a consolá-lo. O treinador Luís Guerreiro também prometeu que não o vai repreender. «Ele não costuma bater assim os penalties e quando se muda o que se treina alguma coisa sai mal», disse.

«Tentou fazer o bonito, tentou fazer uma habilidade e isso custou caro à equipa. No entanto não vamos crucificar o Kuca, porque ele encheu o campo. Todos os grandes profissionais falham, o Kuca é um miúdo que está a crescer e que brevemente vai aparecer em grandes clubes, por isso não vamos crucificá-lo.»

O Mirandela desperdiçou desta forma, da marca de onze metros, a possibilidade de seguir em frente na Taça de Portugal, derrotando a ilusão de cerca de três mil adeptos que fizeram a festa perante a superioridade mostrada sobre o Beira Mar. Luís Guerreiro reage com fair-play. «Se o golo fosse concretizado, seria um feito.»