O 10 sempre foi mais do que um número, um dorsal, mais até do que uma posição em campo. O 10 era o craque, o líder incontornável do ataque. Criador e, muitas vezes, também finalizador. No passado, muitas vezes o 10 era o 10, outras camuflava-se noutros números. «Os 10 e os deuses» recupera semanalmente a história destes grandes jogadores do futebol mundial. Porque não queremos que desapareçam de vez.
Há qualquer coisa num esquerdino que lhe reforça a elegância, acrescenta-lhe magia. A forma como conduz, abre ângulos com passes de rotura ou desenha curvas nos livres diretos. Até como finaliza, isolado, perante o guarda-redes.
Os esquerdinos estão invariavelmente mais perto de tocar o céu.
Dotado de uma canhota de excelência, Krasimir Balakov foi, também ele, uma bandeira da elegância. De classe. Um mestre a segurar a bola e a desenhar caminhos imaginários para as balizas rivais, acumulando ainda uma reserva de força para aparecer a finalizar, sem misericórdia.
Só que não é só o pé esquerdo a deixar marca. Balakov assina muitos golos durante a carreira com a cabeça e com o pé direito, como aquele de 1992 ao Benfica de Tomislav Ivic, aos 12 segundos e numa bomba disferida de fora da área.
Bala é um dos nomes da Geração de Ouro que chega às meias-finais do Campeonato do Mundo de 1994, e inclui ainda às ordens de Dimitar Penev futebolistas como Mihaylov, Kostadinov, Stoichkov, Lechkov e Iordanov. Juntos fazem formam a melhor Bulgária de sempre, que afasta da fase final a França, em Paris, e apresenta-se nos Estados Unidos para vencer o primeiro encontro depois de cinco presenças pouco produtivas em torneios anteriores.
É verdade que perde o primeiro para a Nigéria, mas goleia a Grécia e triunfa perante a Argentina, antes de passar nos penáltis frente ao México. Segue-se o 2-1 que verga a campeã do mundo Alemanha, antes da eliminação aos pés da Itália. No centro de tanto talento está Balakov, aquele que puxa os cordelinhos de uma equipa com muitos egos.
É a partir do clube da sua terra, o Etar Tarnovo, que se transfere, pela mão de Sousa Cintra, em 1991, para o Sporting. Ajuda os leões a acabar com uma seca de 13 anos com a conquista da Taça de Portugal de 1995. Ao fim de bem mais de uma centena de jogos, e de ser idolatrado nas bancadas de Alvalade, transfere-se para o Estugarda, onde está oito temporadas, despede-se dos relvados e inicia a carreira de treinador.
Na Alemanha, é a ele que pedem para municiar Bobic e Élber, mas o pacto, apesar de bem sucedido, apenas garante duas Intertotos e uma Taça. Falta-lhe, ao longo da carreira, candidatos em melhor momento da sua história. Falta-lhe títulos, falta-lhe prata.
O rasto de elegância e classe é que não se apaga.
Golos que o tornaram ídolo de Alvalade:
Os bons tempos passados no Estugarda:
Os bons tempos passados no Estugarda (II):
A despedida de Balakov:
Golos e assistências pela Bulgária:
Krasimir Guenchev Balakov
29 de março de 1966
1983-90, Etar Tarnovo, 142 jogos, 35 golos
1991-95, Sporting, 138 jogos, 43 golos
1995-2003, Estugarda, 236 jogos, 54 golos
Bulgária, 92 jogos, 16 golos
1 Taça de Portugal (1995)
1 Taça da Alemanha (1996-97)
2 Taças Intertoto (2000 e 2002)
4º lugar no Mundial de 1994
Alguns prémios individuais:
Futebolista búlgaro do ano (1995 e 1997)
Equipa All-Star do Mundial 1994
Primeira série:
Nº 1: Enzo Francescoli
Nº 2: Dejan Savicevic
Nº 3: Michael Laudrup
Nº 4: Juan Román Riquelme
Nº 5: Zico
Nº 6: Roberto Baggio
Nº 7: Zinedine Zidane
Nº 8: Rui Costa
Nº 9: Gheorghe Hagi
Nº 10: Diego Maradona
Segunda série:
Nº 11: Ronaldinho Gaúcho
Nº 12: Dennis Bergkamp
Nº 13: Rivaldo
Nº 14: Deco