Manuel Dos Santos é o reforço do Benfica para o lado esquerdo da defesa. O jogador francês de origem cabo-verdiana vem do Marselha, onde jogou quatro temporadas. Na época passada, a propósito do encontro entre o seu clube e o F.C. Porto para a fase de grupos da Liga dos Campeões, Maisfutebol entrevistou o jogador. Fique a saber mais sobre Manuel dos Santos, recordando essa conversa, com data de Novembro de 2003:
Fala correctamente a língua de Camões, apesar de um certo sotaque brasileiro fruto da convivência com atletas provenientes do país irmão. Manuel dos Santos, defesa internacional gaulês, nasceu em Cabo Verde a 28 de Março de 1975, mas toda a sua vida foi construída em solo europeu. «Tinha um ano, quando os meus pais vieram trabalhar para França junto do meu avô», recorda o futebolista em conversa com o Maisfutebol.
Fixou-se numa cidade do sul e começou a jogar futebol no Mónaco, clube que representou até aos 22 anos. Sempre sonhou em ser futebolista e o objectivo de criança concretizou-se. Nunca sentiu muito o choque cultural, no entanto, quando era pequeno, sentia na pele o facto de ter nascido em África: «Eram coisas normais. Na escola, os miúdos chamavam-me preto, mas depois isso passou. O mundo evoluiu muito e hoje as manifestações racistas são bem menores». Quando jogava nas camadas jovens do Mónaco teve algumas conversas com Rui Barros de quem diz ser «uma pessoa muito boa e simples» até ingressar no Montpellier na época 1997/98, quando Costinha foi contratado pelo clube monegasco.
«Os meus pais sempre me ensinaram a cultura de Cabo Verde. No Verão ia para lá um mês e meio de férias, mas é evidente que, agora, já estou muito acostumado ao modo de vida europeu. Aliás, sinto-me francês», responde Manuel dos Santos, que fracturou uma tíbia no início da época 2003/2004 e por isso não defrontou o F.C. Porto em Novembro, na fase de grupos da Liga dos Campeões.
É estranho o facto de ainda falar correctamente a língua portuguesa, apesar de utilizar muitas palavras bem brasileiras como «time» e «goleiro», por exemplo. «Mas aqui, no Marselha, aprendi muitas palavras portuguesas com o Delfim e o Fernandão. Eles são os meus professores e eu ensino-os a falar francês», confessa por entre um sorriso.
A saída do Mónaco deveu-se ao facto de se ter lesionado com gravidade, quando ainda era um jovem de 21 anos. Esteve meio ano afastado dos relvados. «O Mónaco tinha uma boa equipa, cheia de estrelas e a lesão fez-me perder o lugar. Optei por ir para um clube onde pudesse jogar mais assiduamente. Transferi-me para o Montpellier, onde fiz três boas temporadas. Fui colega do Rui Pataca e do Gouveia, depois houve a possibilidade de representar um grande clube como o Marselha. Transferi-me de novo», adianta Manuel dos Santos. No entanto, no início da época magoou-se num desafio com o Bastia - «choquei com o goleiro adversário»: «Isso aconteceu quando estava muito perto de voltar à selecção». O azar falou mais alto...