Todos estamos de acordo sobre o essencial: o Benfica ganhou bem o dérbi.

Podemos divergir sobre o menos relevante: o Benfica ganhou por que foi muito forte ou o Sporting perdeu porque foi mais fraco do que é costume?

É provável que a verdade esteja, como muitas vezes no futebol, algures a meio caminho entre as duas teses.

Só para não fechar já o artigo, prolongo o exercício um pouco mais.

A tese do Sporting mais fraco seria vencedora se os golos tivessem resultado de falhas evidentes, de bolas oferecidas ao adversário (e não recuperadas, por mérito) ou se a equipa de Leonardo Jardim tivesse estado em campo a fazer figura de corpo presente.

Não foi isso que sucedeu.

O Sporting sentiu dificuldades em fazer circular a bola, como reconheceu o treinador, mas não creio que tivesse apenas a ver com a ausência de William Carvalho. Mais importante do que isso foi ter sido incapaz de retirar a bola da zona de Fejsa e Enzo Pérez.

E é por aqui que prefiro ir.

O Benfica teve atrás uma defesa competente, com o bónus de Maxi Pereira ter feito grande assistência para o primeiro golo.

Nas alas, Gaitan e Markovic foram equilibrados, tal como tinham sido perante ao FC Porto. (sim, Jesus descobriu um onze)

Mas foi no meio que a diferença se estabeleceu, por indiscutível mérito de Fejsa e Enzo Pérez. Primeiro o sérvio, depois o argentino. Por fim os dois. Contra isto, o Sporting pouco podia fazer. Foram perfeitos.

Tudo somado, acho que houve mais Benfica do que em outros jogos da época (em Alvalade, por exemplo, mas também em Barcelos).

Este foi um jogo curioso porque no final, os dois treinadores tiveram razão.

Jorge Jesus por que montou a sua equipa de forma perfeita (o Benfica podia ter vencido por mais, essa é a verdade). Leonardo Jardim porque finalmente participou num jogo em que ficou à vista exatamente o que o Sporting ainda tem para crescer. Por uns dias é capaz de não ouvir a pergunta da época: é candidato ao título?

NOTA: sobre o dérbi, aconselho este texto e este também. Para quem gosta de analisar a partir dos números, isto.