Leonardo Jardim confessa que ficou surpreendido com a evolução de Bernardo Silva na primeira temporada ao serviço do Mónaco. Numa fase inicial o esquerdino esteve na Liga francesa por empréstimo do Benfica, mas em janeiro o Mónaco avançou para a compra do passe, por 15,75 milhões de euros.
 
«O Bernardo de agosto não é o mesmo de hoje», defendeu o técnico português, em entrevista ao «L’Equipe», assumindo que a evolução «foi mais rápido do que esperava». «Passou de jovem jogador a jogador importante e jogador decisivo. Não vai conseguir evoluir da mesma forma na próxima época. Se mantiver o mesmo nível será muito bom», acrescentou.
 
Apesar das críticas ao estilo de jogo do Mónaco, Leonardo Jardim garantiu que o objetivo era praticar um futebol ofensivo. «Após o jogo com o Nantes (vitória por 1-0 na 3ª jornada da Liga, após duas derrotas a abrir) percebi que não ia funcionar. Era preciso devolver a confiança e a segurança à equipa, fazê-la progredir mais lentamente. Os jogadores não estavam preparados para jogar com o bloco alto. Adaptei-me às caraterísticas dos jogadores e da Liga francesa», explicou.
 
Nesse sentido o treinador português considera que «o momento mais importante da época foi a vitória sobre o Leverkusen», na Liga dos Campeões. «Permitiu ao grupo compreender que podia fazer muito melhor. Isso proporcionou um recomeço», recordou.
 
Mas se esse foi o «momento-chave em termos internos», já o «momento-chave a nível externo foi a vitória sobre o Arsenal», também para a Liga dos Campeões, em Londres (1-3).
 
O Mónaco eliminou os «gunners» da prova, numa eliminatória que ficou marcada também por um desentendimento entre Leonardo Jardim e Arsène Wenger. «Ele não me apertou a mão no primeiro jogo e eu não lhe apertei a mão no segundo. Mas não há problema, também me posso esquecer no momento. Nem nos piores pesadelos Wenger esperava perder 3-1 em casa com o Mónaco. Nessa altura pensou em tudo menos apertar-me a mão», disse o português.
 
Ainda a respeito das críticas no início da época, Jardim recordou-as como normais, uma vez que o Mónaco «era penúltimo classificado na quinta jornada». «Um treinador francês seria criticado da mesma forma se tivesse esses resultados na Liga portuguesa», afirmou, embora defendendo que não houve a preocupação de perceber o que estava a mudar no clube.
 
Leonardo Jardim explicou ainda o motivo pelo qual deixou críticas aos métodos de trabalho utilizados em França, por causa do trabalho físico sem bola. O técnico português defendeu que as lesões musculares registadas no plantel do Mónaco envolveram jogadores que estão habituados a essa prática, que não é do seu agrado.
 
«Para mim é melhor trabalhar o físico com bola do que de uma forma analítica, pois os músculos habituam-se aos movimentos com bola. Foi só isto que eu disse. Em França há muitos jogadores lesionados, e não apenas no Mónaco», referiu.
 
A fechar a entrevista o técnico português comentou a saída de Bernatov, já formalizada: «O Mónaco não pode pagar tanto por um jogador, a não ser que jogue sempre e seja decisivo. Os jogadores mais bem pagos são aqueles que jogam sempre a ajudam os jovens a evoluir. Tem enormes qualidades mas não pode ficar aqui e jogar um jogo a cada dez. Merece mais do que acabar a carreira como suplente.»