O «soccer» não começou em 1996, quando foi fundada a Major League Soccer (MLS), mas conheceu aí a sua afirmação no norte da América. Antes de Matthäus e Beckham, jogaram «soccer», nos Estados Unidos, lendas do futebol como Pelé, Beckenbauer, Moore, Neeskens, Cruijff, Best ou Eusébio. A MLS não exisitia e jogava-se na North American Soccer League (NASL).
Depois do Mundial de 1994, que teve lugar em terras do «Tio Sam», o futebol registou um aumento de interesse, tanto mediático como desportivo, e foi então criada a MLS. A liga nunca cessou o seu crescimento. Hoje continua a assistir-se a um período de expansão, com a construção de estádios específicos para a modalidade (em contraponto com as adaptações dos relvados do futebol americano que se verificavam) e o interesse de novos investidores e patrocinadores não parou de aumentar.
Contratar à americana
Muito própria e característica é a forma de contratação de jogadores nos EUA. Os interessados devem contactar a Liga, porque, apesar dos jogadores serem propriedade das equipas, é ela que gere os contratos. O processo é gerido pelas duas entidades e, embora a equipa funcione como proprietária e a MLS como mediadora, o dinheiro obtido pela venda é dividido pelas duas entidades, com tradicional e enorme preponderância sobre a verba para Major League Soccer.
Dando o exemplo de Freddy Adu, que se transferiu recentemente do Real Salt Lake para o Benfica, os encarnados pagaram algo como 2 milhões de euros à MLS, dos quais apenas uma pequena percentagem, de cerca de 350 mil euros, entra nos cofres da equipa. Como compensação, o limite salarial do Real Salt Lake será maior nos próximos anos.
As regras cheias de excepções
Os americanos adoram regulamentos e esta propensão nota-se quando analisamos as linhas com que se cose a MLS. Um quadro legal que se entende quando os regulamentos pretendem proteger os jogadores locais e fazer desenvolver a modalidade através do crescimento sustentado dos seus futebolistas.
A estrutura da composição dos planteis é disso exemplo. As equipas estão limitadas a um máximo de 28 jogadores com contrato profissional de jogador de futebol assinado, dos quais 18 pertencem ao chamado plantel sénior e 10 ao de desenvolvimento, que é apenas composto por jogadores que têm no máximo 24 anos e cujas vagas têm de estar, todas, permanentemente ocupadas.
As equipas têm também um valor máximo de salários (2,1 milhões de dólares), para o qual apenas é contabilizada a verba dos salários do «senior roster». A excepção confirma a regra: cada equipa pode ter um jogador do plantel sénior ao qual pode pagar o que quiser (assim se explica o soldo auferido por David Beckham), mas os encargos ficam por conta do clube, enquanto no que toca aos outros jogadores, a liga paga um salário base.
Uma grande misturada, à semelhança dos países
No autêntico «melting pot» que é a MLS, encontram-se jogadores provenientes de estranhas paragens como Bermudas, Guatemala, Jamaica, Serra Leoa, Panamá e Zimbabué. Mas para baralhar as contas, também encontramos futebolistas de países que dão pelo nome de Saint Kitts e Nevis, Saint Vincent e Granadim e Turks and Caicos. Ilhas perdidas no Pacífico veem os seus emigrantes tornar-se jogadores de futebol nos Estados Unidos.
Quanto a Portugal, depois de alguns forasteiros que se aventuraram antes dos anos 90, entre eles o «Pantera Negra» Eusébio, encontramos três jogadores lusos na MLS. Carlos Rocha e Carlos Semedo já por lá passaram. Abel Xavier chegou agora.