«São coisas confidenciais que vou dizer aos jogadores, o ponto fraco e o ponto forte da defesa, do meio-campo e do ataque». As coisas confidenciais que Luís Castro se refere resumem-se à preparação dos jogos. Antes colava papéis nas paredes do balneário sobre a equipa adversária, mas quando chegou à Sanjoanense passou a planificar o trabalho recorrendo às novas tecnologias. «As características do adversário são projectadas. É feita uma análise aos jogos em diversas situações, os jogos são gravados, quando passam na televisão, para analisar as acções ofensivas, defensivas e os lances de bola parada».
É assim que o Penafiel faz o seu trabalho de casa. «Também organizámos o historial de resultados e a evolução da estrutura táctica. É feita uma descrição pormenorizada sobre cada jogador da equipa adversária, sobre o seu posicionamento ofensivo e defensivo, como se movimenta, como se comporta nos lances de bola parada, quais são os jogadores mais influentes, como está mentalmente o adversário, como reage a um golo, a um período menos bom, à pressão do público e quem são os jogadores instáveis mentalmente para tirarmos partido deles».
É assim que o Benfica está a ser desmontado. Há alturas em que os adversários são observados cinco vezes. Três delas por um colaborador directo de Luís Castro, duas pelo próprio treinador. «Quando não consigo ir ao estádio, vejo o jogo pela televisão, gravo e volto a ver de novo. O meu colaborador compacta a informação em dvd e faz um relatório baseado nos modelos do curso de terceiro nível quando tive de fazer um trabalho sobre a Grécia no Euro-2004. O relatório é mostrado aos jogadores na terça-feira, mas como o jogo é no sábado será explicado na quarta. Não entrego dossiers».
Não entrega dossiers por serem confidenciais. «Se calhar há quem não meta aquilo na cabeça, mas sentimos que está ali alguém que se interessa, que dedica tempo, que estuda e que vai ao pormenor. Nesse aspecto faz-me lembrar o Mourinho. Hoje em dia já toda a gente sabe fintar dentro do campo, o que faz a diferença é o detalhe e assim podemos tirar partido das debilidades do adversário», explica Clayton, extremo do Penafiel. Depois de dissecado o adversário, o treino é programado em função disso mesmo. No plano prático há uma característica fundamental: «Mesmo nos momentos de dificuldade ele está sempre tranquilo. Sabe muito de futebol e só lhe falta a experiência do Mourinho e do Fernando Santos para estar ao mesmo nível deles».