Maturidade. Frieza. Calculismo.
A receita para o Farense chegar à primeira vitória tinha sido dada na véspera do jogo com o Belenenses por Sérgio Vieira.
Cansado de ‘vitorias morais’, o treinador do Farense apontava a uma mudança de rumo.
Até aqui, a equipa jogava bem, mas depois os três pontos fugiam sempre. E isso era tudo o que o treinador dos algarvios não queria.
Maturidade. Frieza. Calculismo.
Repetimos.
Não parecia difícil de entender.
E apesar desse pedido, o Farense até foi sempre a equipa mais perigosa e com mais vontade de jogar com qualidade no Jamor.
Foram os leões de Faro a andar sempre mais perto da área adversária. A ameaçar o golo. Até que marcou mesmo.
Hugo Seco acabado de entrar foi derrubado na área e colocou Ryan Gauld na marca de penálti. O escocês não desperdiçou.
1-0, com vinte minutos por jogar. E o Farense sempre por cima, apesar das mexidas de Petit no banco do Belenenses.
Maturidade. Frieza. Calculismo.
Agora era a hora. Em vantagem, era colocar o plano em prática.
Hugo Seco acrescentou â receita velocidade e irreverência. E isso até cai bem.
Aos 77m, o extremo português voltou a estar em destaque. Mais uma vez derrubado na área e pénalti para o Farense.
Gauld preparava-se para bater novamente, mas Lucca pediu-lhe para ser ele. Após uma curta conversa, o escocês acedeu ao pedido do companheiro.
Irresponsabilidade. Displicência. Vaidosismo.
Tudo ao contrário.
Talvez levado por um desejo de ‘vingança’, o médio brasileiro que trocou o Belenenses pelo Farense a meio da época passada, deixou-se cegar pelas emoções.
Esqueceu a receita que o treinador tinha pedido para a partida. E deitou tudo a perder.
Da marca dos onze metros, Lucca tentou brilhar. Arriscou um remate ‘à Panenka’, que bateu no poste.
Ainda faltavam dez minutos para jogar. A vantagem era de um golo. E foi desfeita no oitavo minuto de compensação por Bruno Ramires.
Para euforia completa dos homens do Belenenses, claro.
Já os companheiros de Lucca prostraram-se no relvado. Como que derrotados. Quando tinham feito quase tudo bem para vencer.
O futebol é feito de heróis. Mas também é feito de réus. Lucca sai desta partida como réu. E o Farense com um castigo máximo que não merecia.
Não se adivinha uma viagem fácil para o jogador até Faro.