Incapaz de fazer a sua parte, o FC Porto disse adeus ao título. Para continuar a sonhar os «dragões» precisavam de vencer no Restelo e esperar que o Benfica não fizesse o mesmo em Guimarães. Pois bem, no Minho tudo saiu como pretendido, mas a equipa de Julen Lopetegui foi incapaz de cumprir a primeira premissa.
 
O FC Porto fez mais exibição descolorida, sem chama, mesmo até ao momento em que chegou à vantagem. E depois apreciou demasiado o conforto do resultado e colocou-se a jeito para sofrer o empate. A equipa despediu-se do título e os adeptos despediram-se da equipa com muitos protestos.
 
O Belenenses, por outro lado, vai sonhar com a Europa até ao fim, ainda que continuando a depender de terceiros.
 
Entrada com pouca esperança
 
Perante o cenário, com o FC Porto a precisar de vencer e esperar que o líder Benfica não fizesse o mesmo, é justo dizer que a entrada dos «dragões» em campo foi pouco intensa. Como se não acreditasse que ainda era possível.
 
É verdade que a equipa de Julen Lopetegui rapidamente assumiu o controlo do jogo (e o Belenenses rapidamente tratou de cerrar fileiras na retaguarda), mas o FC Porto mostrou-se lento e previsível. Pouco influente pelo corredor central, a equipa visitante procurou muito um jogo em largura, mas Nélson e Filipe Ferreira acertaram desde cedo a marcação a Brahimi e Quaresma, com o apoio de Sturgeon e Fábio Nunes.
 
E era depois pelas alas, precisamente, que o Belenenses criava perigo em contra-ataque. Foi assim ao minuto 13, na primeira ocasião do jogo, com Filipe Ferreira a combinar com Fábio Nunes e este a cruzar para o desvio de Camará, demasiado acentuado.
 
Oito minutos depois o ponta de lança do Belenenses (na ausência do castigado Rui Fonte) dispôs de nova oportunidade, oferecida por Quaresma, que arriscou um atraso longo de cabeça para Helton. Valeu ao FC Porto a má receção de Camará e a atenção do seu guarda-redes.
 
Pouco depois nova jogada do lado esquerdo do Belenenses, desta vez com Filipe Ferreira a cruzar, mas com Alex Sandro a impedir que Sturgeon concluísse ao segundo poste.

Destaques do jogo
 
O FC Porto fez o primeiro remate apenas aos 26 minutos, e numa tentativa de longe de Rúben Neves, que rendeu no «onze» o castigado Casemiro. Era um sinal de reação portista, contudo, reforçado dois minutos depois com um grande passe de Óliver para Herrera, que desviou de Ventura mas em demasia, falhando o alvo.
 
O Belenenses continuava a criar perigo sempre que subia ao ataque, no entanto, e aproveitava todos os erros alheios. Um corte infeliz de Jackson isolou Sturgeon, ao minuto 30, mas o avançado do Belenenses falhou o alvo de ângulo difícil, depois de ter contornado Helton.
 
As melhores ocasiões do primeiro tempo foram do Belenenses, mas ao intervalo a vantagem era do FC Porto. A um minuto do descanso os «dragões» colocaram-se em vantagem, num lance dividido entre Jackson e Gonçalo Brandão, após cruzamento da esquerda (fica a dúvida sobre o autor do tento).
 
Conforto a mais para quem corria atrás do prejuízo
 
A mudança no marcador obrigava o Belenenses a arriscar mais, a subir as suas linhas, algo em que não se sente propriamente confortável. E por outro lado deixava o FC Porto mais cómodo na sua posse de bola, sem grandes pressas, à espera que o adversário abrisse espaços.
 
Neste cenário o jogo foi-se arrastando, sem situações de perigo, mas no duelo das substituições Jorge Simão levou a melhor sobre Julen Lopetegui.
 
O treinador portista tirou agressividade ofensiva à equipa, com as saídas de Brahimi e Quaresma (sobretudo por prescindir de ambos para ficar apenas com um extremo de raiz). O técnico do Belenenses lançou o que tinha e saiu premiado, com o golo do empate fabricado por dois jogadores saídos do banco: Dálcio cruzou e Tiago Caeiro marcou, a seis minutos do fim.

Já em período de descontos o FC Porto ainda teve uma soberana ocasião, mas Jackson atirou por cima após cruzamento do recém-entrado Adrián.

Helton ainda foi à frente, nos instantes finais, mas o adeus ao título estava consumado, e brindado por evidentes protestos dos adeptos visitantes.

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