Como é que um Rio Ave em gestão chega à Amoreira e bate inapelavelmente um Estoril na máxima força, ou quase? 

Um Rio Ave a pensar no Elfsborg e na fase de grupos da Liga Europa foi o que Pedro Martins apresentou, este domingo, na Amoreira. Muitas mudanças no onze perante um Estoril também europeu, mas ainda sem ação a esse nível. Os homens de Vila do Conde apresentavam-se ligeiramente mais confortáveis porque tinham vencido na primeira jornada. Os da casa empatado.

José Couceiro fez apenas uma alteração em relação à equipa provável. Trocou de trinco, deixando Diogo Amado no banco e apostando em Filipe Gonçalves. E, perante tanta alteração do outro lado, parecia que o triunfo iria acabar por chegar mais cedo ou mais tarde para os visitados. Puro engano.

A derrota começou a desenhar-se pelo que o Estoril pouco conseguiu no ataque. Muita velocidade por Kuca e Sebá, mas pouco discernimento. João Pedro Galvão ia conseguindo algumas jogadas, e até teve a melhor oportunidade, mas o ângulo era fraco. E do equilíbrio que parecia estabelecido, face à pouca inspiração local, veio o talento individual. Primeiro, a posse de bola, depois o movimento de rotação, com um truque de magia pelo meio, e o remate cruzado. Vágner batido pela primeira vez por Hassan.

Pouco depois, o guarda-redes errou. Colocou a bola nos pés do homem com melhor visão. Renan Bressan viu a diagonal e Hassan picou para as redes. Couceiro ouvia os primeiros assobios.

O treinador dos canarinhos mudou ao intervalo. Colocou o nove Arthuro para o lugar de Tozé e Diogo Amado para o de Emídio Rafael. Babanco voltava à posição de lateral-esquerdo. 

No entanto, a desvantagem era grande e o Rio Ave não estava ainda preparado para abrandar e baixar linhas. Renan continuava a desfiar passes de morte, e Hassan ameaçava voltar a marcar. Aconteceu aos 60 minutos, numa bola parada. O médio brasileiro marcou o canto e o egípcio subiu mais alto e cabeceou para as redes. Pé esquerdo, pé direito e cabeça, estava feito o hat-trick perfeito.

O vencedor estava encontrado. Mas ainda não tinha acabado. Couceiro ouviria mais assobios. Vágner sofreria mais golos. E, depois de a defesa canarinha ter de lidar com a inspiração de Hassan, apareceu Pedro Moreira para complicar ainda mais. Aos 73 minutos, o médio foi servido por Lionn, que tinha ido lá à frente na onda do contra-ataque. E rematou em jeito, redondo, para as redes.

Dois minutos depois, o Estoril reagia finalmente. Galvão apanhou a bola à entrada da área e rematou para a baliza. O golo de honra.

Apesar da distância no marcador, os canarinhos continuavam a tentar, mas a ansiedade não ajudava. Arthuro, Kuca e Sebá podiam ter decidido melhor.

E o Rio Ave iria lá à frente outra vez. Em contra-ataque. Diego Lopes, Pedro Moreira, Renan Bressa (a quarta assistência) e de novo Pedro Moreira. 5-1.

A segunda equipa do Rio Ave goleava na Amoreira. Muito tem Couceiro para pensar.