A Lei de Murphy é muitas vezes invocada no futebol para explicar, dentro do possível, algo que parece quase místico.

Imagine este cenário: a equipa B fica cedo em desvantagem no marcador e o treinador dessa equipa resolve assumir riscos para mudar o destino do jogo. Tira o defesa amarelado, faz entrar um avançado e recua o médio mais defensivo. Minutos depois, esse médio, agora defesa, vê o vermelho direto, deixando a equipa B com menos um.

Quando algo pode correr mal, vai correr ainda pior.

A equipa B, já saberá o leitor, foi o Portimonense, que chegou ao Jamor confortável na classificação, mas ainda ter somado qualquer vitória em 2022. E 13 jogos sem ganhar na Liga, agora 14, não dão saúde a ninguém.

Ainda mais sobre brasas estava o Belenenses, lanterna-vermelha e, claro está, a precisar urgentemente de somar pontos. Três de cada vez, de preferência.

A equipa lisboeta venceu uma partida entre duas equipas em desassossego nesta fase da época e deixou, ainda que à condição, o último lugar da Liga. Sinais de otimismo para os azuis, não pelo futebol praticado (pouco), mas em momentos de crise há algo que importa bem mais do que isso, embora saiba-se que quem joga bem está bem mais próximo de vencer.

E neste sábado o Portimonense foi melhor. Melhor com 11 e muito melhor com dez, pasme-se!

Depois do golo de Safira aos 11 minutos, os azuis foram tendencialmente defensivos perante uma equipa com muitas unidades no ataque quando Fabricio foi lançado em jogo por Paulo Sérgio logo à passagem do quarto de hora.

Welinton, Angulo, Fabricio e Nakajima colocaram em sobressalto a defesa do Belenenses e não deixaram de fazê-lo mesmo quando ficaram em inferioridade numérica por expulsão de Willyan na reta final da primeira parte.

O Portimonense nunca deixou de ser melhor. Muito melhor, repetimos. E nunca deixou de ter os olhos na baliza contrária, mesmo sabendo que isso acarretaria o risco de descompensação. Acabou o jogo, veja-se, com Welinton, Fabricio e Aponza na frente e a ameaçar um empate que seria, até, escasso face ao que fez em campo.

Ou vai ou racha.

Acabou a sofrer o 2-0, de Pedro Nuno, já em tempo de compensação. Crueldade à qual o Belenenses, que continua a lutar com as muitas limitações que tem, é alheio, estando agora mais vivo na luta pela salvação. E isso também é obra!