Seis jornadas depois, o Belenenses voltou a ganhar na recepção ao lanterna vermelha Gil Vicente, por dois a zero, colocando um ponto final na travessia do deserto sem triunfos das últimas semanas. Os gilistas, depois do triunfo na última ronda, voltaram a tombar e a ver a vida cada vez mais difícil.

Os pontos que separavam as equipas à entrada para a última jornada da primeira volta davam favoritismo claro aos azuis do Restelo. No entanto, o contexto que os conjuntos vivem já equilibrava mais a balança.

O Belém não vencia para a Liga há seis jornadas e há igual período que não celebrava qualquer golo.

Do outro lado, o Gil Vicente aparecia motivado pela conquista da primeira vitória no campeonato, alcançada na última ronda, mas o registo ofensivo da formação orientada por José Mota também não era famoso.

Apostar que o jogo teria momentos de puro futebol ofensivo, jogadas perigosas e muitos golos era, por tudo isto, demasiado arriscado.

Em alturas de crise não convém, pois, atirar dinheiro à rua.

Essencialmente porque, em momentos complicados, o medo de perder supera, em larga escala, a vontade de ganhar.

E assim começou o jogo. Com as equipas focadas em manter o equilíbrio, com vários jogadores de cariz defensivo porque  o objectivo era ver quem aproveitar o mínimo erro para apanhar a presa desprevenida.

A primeira volta já ia a meio e os guarda-redes ainda não tinham sujado os equipamentos. E os primeiros ameaços até pertenceram aos visitantes, com Diogo Viana e Jander a chegarem-se à frente.

Passaram-se largos minutos monótonos, só com apitos e gritos vindos da bancada. Nada mais a registar. As equipas estavam à espera que o adversário saísse da toca para o apanhar pelas costas.

E o Belém executou o plano na perfeição. Nélson lançou rapidamente, Pelé ganhou espaço, procurou o pé direito e assinou um grande golo colocando o Belém na frente.

O golo tem estado caro para os lados do Restelo e por isso a equipa cresceu com o momento do médio defensivo.

Sempre à espreita do momento ideal para matar o jogo. Deyverson meteu-se entre Adriano Facchini e Cadú, recuperou a bola e ia fazendo mais um grande golo. O brasileiro, no entanto, redimiu-se e safou para canto.

Não foi à primeira foi logo a seguir. João Vilela perde a bola e o brasileiro, na cara de Adriano, atirou para o segundo.

O Gil parecia atordoado, ia cometendo erros e saía para o intervalo com uma desvantagem de dois golos nos ombros.

Ainda tentou reduzir, num remate de Jander e num cruzamento tenso de Rúben Ribeiro, mas nada se alterou e o triunfo da última jornada era, cada vez mais, uma leve memória para a formação de Barcelos.

Menos medo, mais jogo

A segunda parte foi completamente ao avesso do que se passara anteriormente. O Gil, sem nada a perder, deixou de olhar tanto para trás e focou-se na baliza de Ventura. Sem o tal medo de perder lá foi criando oportunidades e podia mesmo ter marcado.

João Vilela, Diogo Viana, Caetano e Paulinho estiveram prestes a celebrar um golo, mas por um motivo ou por outro nunca conseguiram passar o último reduto azul.

Do outro lado, também não havia nada a perder e com o Gil a destapar a manta foram aparecendo espaços criados pelas bicicletas que Lito Vidigal lançou para os lugares da frente.

Foram vários os momentos [Sturgeon e Miguel Rosa] em que estiveram cara-a-cara com Adriano Facchini, mas não voltaram a ultrapassar o muro brasileiro e até o poste abanou com um disparo de Miguel Rosa.

Passadas seis jornadas o público do Restelo lá voltou a celebrar um golo e, mais importante que isso, voltaram a aplaudir um triunfo da sua equipa.

Especial, tendo em conta as divergências públicas que separam azuis e galos.

Para a formação de José Mota nada acaba aqui, mas a margem de manobra vai diminuindo, jornada após jornada. E pior fica quando os adversários directos pontuam.