Fechem os portões! Só os abram quando tiverem ordem para tal.

Terão sido estas as últimas palavras de José Mota ainda no balneário, precavendo uma estreia na Liga que seria certamente difícil, ainda para mais no reduto do adversário.

O Feirense apresentou-se pois na Amoreira precavido e atrevido, fechando bem os caminhos da baliza e abrindo (por demais) vias rápidas para a baliza de Moreira.

Platiny, o goleador endiabrado, encarregou-se de maltratar a defesa canarinha e madrugou quando o assunto foi colocar a bola na baliza, algo que soube fazer e bem na época passada.

Aos nove minutos Fabinho aproveitou uma infantilidade de Dankler no meio-campo, deixou a bola para Luís Aurélio. O experiente médio, reforço neste defeso, viu Platiny isolado na grande área e colocou a bola na cabeça do brasileiro com um cabeceamento teleguiado.

Moreira, também ele em estreia do lado canarinho, ainda se esticou mas não conseguiu impedir o tento do Feirense.

A partir daí, lá está, portões fechados. Uma organização defensiva muito interessante, implacável em muitas ocasiões, secando por completo as investidas dos canarinhos.

Do Estoril nem sinal durante o primeiro tempo. Muito pouco futebol, paupérrimo, inércia constante e falta de sintonia entre os jogadores, algo que é normal nesta fase da época mas custa caro.

O Estoril foi respondendo como podia, mas sempre sem resultados práticos. Para se ter uma ideia, o primeiro remate digno desse nome, em bola corrida, surgiu apenas aos 34 minutos.

Fazia de facto confusão ver que tipo de estratégia havia Fabiano Soares montado para este jogo, tamanha a desorganização apresentada.

Foi portanto nesta toada que seguiu o jogo até ao apito para o descanso, ainda que o Estoril tenha conseguido crescer mais um pouco até lá.

FILME DO JOGO

No segundo tempo o Estoril entrou determinado em inverter a marcha do jogo, e Fabiano Soares arriscou tudo ao colocar o avançado e reforço Kléber no lugar do central Dankler. Perante a falta de entendimento dos centrais, a escolha não terá sido assim tão descabida. Certo é que os canarinhos alinharam durante a segunda parte sem centrais de origem.

Com esta troca, o Estoril conseguiu ter mais pendor ofensivo e acrescentou um elemento de qualidade reconhecida na frente. Kléber trouxe facto mais perigo às redes de Peçanha e ajudou a desconstruir a muralha montada pelos da Feira.

O Feirense soube aguentar a pressão dos da casa mas não se livrou de alguns sustos, sobretudo vindos de fora da área. Ainda assim haveria de ser um lance à partida inofensivo a criar maiores arrepios.

Aos 67 minutos, Taira remata em balão junto à linha final. Peçanha parecia ter o lance controlado num primeiro momento, pensando que esta sairia, mas depois acabou por vê-la embater no poste contrário.

Foi o lance de maior perigo do Estoril em todo o encontro, e que poderia ter sido decisivo no desfecho do mesmo.

Fabiano colocou toda a carne no assador, fazendo entrar o portentoso avançado Baleyzuk, para fazer companhia a Kléber.

O foco no ataque teve consequências gravosas mais tarde. O grego Karamanos, recém-entrado, dilatou a vantagem aos 81 minutos, aproveitando de novo uma assistência perfeita de Luís Aurélio.

Kléber ainda tentou fazer um golaço de longe, e viu a bola embater na barra. Foi um tiro de raiva, talvez aquela que faltara aos canarinhos durante grande parte do encontro. O último esboço de futebol antes do apito final.

Estreia vitoriosa do Feirense na Liga e logo com uma vitória fora de casa. Triunfo justo daquela que foi a melhor equipa em campo. Aliou perspicácia à organização defensiva, a eficácia à capacidade de sofrimento.

O Castelo é deles, foi conquistado sem grandes dificuldades.

A ver vamos como será o restante campeonato.