Se para Fabiano Soares a vitória era «imprescindível», para Petit era importante para evitar contas de calculadora no futuro: «Não deixes para amanhã o que podes fazer hoje», disse o treinador do Tondela na antevisão ao jogo com o Estoril.

A verdade é que a nuvem negra que paira sobre a equipa da Beira Alta praticamente desde que subiu ao principal escalão do futebol insiste em manter-se por lá mesmo quando a equipa de Petit é melhor do que os adversários.

Foi o que aconteceu neste sábado no António Coimbra da Mota, onde os tondelenses foram melhores do que o Estoril durante boa parte da partida, mas acabaram, como em tantas outras ocasiões, por tropeçar nos próprios pés.

FILME E FICHA DE JOGO

Triunfo por 2-0 de um Estoril que se salvou graças a uma mistura de inspiração de Gustavo Tocantins (entrou na segunda parte e bisou) com a tendência suicida dos tondelenses. A equipa de Fabiano Soares chega à pausa para as seleções numa zona respirável, é certo, mas sem convencer.

Num jogo com as duas equipas muito expectantes numa fase inicial, acabou por ser o Tondela a equipa mais afoita. Depois de uma primeira meia hora sem grandes motivos de interesse e com pouco mais do que remates de meia distância como cartão de visita, o conjunto de Petit cresceu e até foi para o descanso a merecer outro resultado. Miguel Cardoso teve no pé esquerdo o golo aos 33 minutos e Crislan falhou por pouco o desvio a um cruzamento de Murillo já nos instantes finais do primeiro tempo.

Depois de ter queimado uma substituição na primeira parte (Diakhité entrou para o lugar do lesionado Thiago Cardoso), Fabiano Soares mexeu. Com a equipa emperrada, a praticar um futebol incipiente e sem capacidade para chegar à área contrária com perigo, tirou Afonso Taira e fez entrar Gustavo Tocantins.

O Estoril não melhorou a olhos vistos. Pelo meio, ainda teve uma bola na barra por Crislan no arranque da segunda parte e permitiu, mas ganhou criatividade e acabou premiado pela ousadia de um Tondela desesperadamente à procura de pontos.

Com a equipa de Petit muito subida no terreno, Gustavo Tocantins aproveitou um deslize de Kaká para se isolar e bater Cláudio Ramos sem dificuldade. Foram quatro minutos horribilis para o Tondela, que deitou tudo a perder aos 76’ novamente por Tocantins, que culminou da melhor forma um cruzamento rasteiro de Kléber pela direita e sentenciou o resultado.

Três pontos dados por um miúdo de 20 anos que mascarou um futebol desinspirado da equipa da Linha, que soube aproveitar os erros de um Tondela que continua a cometer muitos deslizes e terminou o jogo reduzido a dez por expulsão de Crislan já na reta final depois de apertar o pescoço a Mano.

Assim é difícil sobreviver…