José Mourinho diz que continua «especial e feliz», recuperando os adjetivos com que se definiu nas duas vezes em que chegou ao Chelsea, mas na conferência de imprensa de antevisão da estreia na Liga dos Campeões frente ao Maccabi Telavive reconheceu que as coisas não estão fáceis em Stamford Bridge, num arranque de época com apenas quatro pontos em cinco jogos. E chegou a irritar-se.

Foi quando lhe perguntaram se ainda mantinha as suas qualidades como treinador, e lhe falaram das dificuldades das suas terceiras temporadas.  «No Porto não tive terceira época. No Inter não tive terceira época. Na terceira época no Chelsea na primeira vez ganhei a FA Cup, Carling Cup e fui às meias-finais da Liga dos Campeões. No Real Madrid ganhei a Supertaça, ganhei a Taça e fui às meias-finais da Champions. Portanto, vá ao Google em vez de fazer perguntas estúpidas.»

«Estou a dizer que a pergunta é estúpida», insistia Mourinho, para depois matizar o tom, quando o jornalista dizia que falava de o treinador criar ou não uma dinastia para lá de uma terceira temporada, algo que nunca fez: «Ah, isso outra pergunta: É a primeira vez que vou fazer isso. Não tenho experiência disso.»

O técnico começou por distanciar a Champions da Premiership: «É uma nova competição com todas as quatro equipas a começarem com zero pontos. Começar em casa é importante», disse Mourinho, destacando a importância de vencer agora, antes de o Chelsea jogar em casa do FC Porto, na próxima ronda, e depois em Kiev.

Depois, a conversa centrou-se no mau momento caseiro dos campeões ingleses em título. «É normal estarmos infelizes e frustrados», começou por afirmar Mourinho. «Mas gosto da minha equipa, gosto dos meus jogadores, confio neles. O único problema que temos é que não temos bons resultados. Não estamos felizes mas sabemos o que somos. É como dizem os nossos adeptos. Somos campeões de Inglaterra. Não é porque tivemos um começo tão mau - e é muito mau, não quero encontrar outros adjetivos – que alguém pode roubar o que somos.»

Questionado sobre as razões para os maus resultados do Chelsea, Mourinho diz que não há uma explicação única. «Tentamos ganhar sempre, quando não conseguimos é uma sensação estranha. Algumas pessoas têm mais experiência, lidam melhor com um momento negativo, outras pior. É uma combinação de fatores.»

«Estou a adaptar-me a perder; quer dizer...»

«Mas eu estou bem. Não estou habituado a perder tanto, mas estou a adaptar-me», prosseguiu, para emendar rapidamente a ideia: «Não estou a adaptar-me a perder, estou a adaptar-me ao desafio.»

De resto, Mourinho admitiu que fará mudanças na equipa frente aos israelitas, com recados pelo meio. «Se fizer mudanças, em vez de dizerem que tenho mais opções e estou à procura de nova dinâmica e a dar novas oportunidades, sei o que vão dizer. Se deixo de fora o Azpilicueta, é porque tenho um problema com ele. Se deixo o Terry é porque tenho um problema com ele, se deixo o Fabregas…», atirou: «Mas não me posso preocupar com o que dizem e escrevem. Sim, vou fazer algumas mudanças porque acho que tenho que tentar uma dinâmica diferente e dar oportunidade a pessoas que não tem jogado e merecem jogar.»

Quanto ao Maccabi, Mourinho diz que está bem ciente do adversário, em mais resposta em tom de desafio: «Não me parece que seja desconhecido para si, porque é israelita, nem para mim. Passaram pelos play-off, bateram a equipa que ganhou o Liverpool. Há duas épocas a mesma equipa ganhou ao Chelsea.  Na semana passada passei horas e horas a ver jogos deles, para mim não é desconhecido.»