O Bayern de Munique está pela terceira vez consecutiva nas meias-finais da Liga dos Campeões graças a uma vitória caseira frente ao Man. United por 3-1, depois do empate a um golo da primeira mão. Evra ainda marcou primeiro, mas Mandzukic, Müller e Robben deram a volta. Até parece que sofrer um golo só os provocou.

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Os golos só surgiram na segunda parte, quando o objetivo de David Moyes deixou de ser apenas manter-se vivo na eliminatória. O treinador escocês sai derrotado depois de tentar defender o resultado até à exaustão, mas pelo menos arriscou. Quanto a Guardiola, terá de pensar se isto chega para outras equipas, notavelmente melhores do que este Man. United.

Já lá vamos. Para já quase que apetece saltar a história dos primeiros 45 minutos. Mas não pode ser.

Muita parra e pouca uva, Pep

Guardiola bem tentou assustar só com o onze titular. O regresso de um ponta-de-lança de raiz (Mandzukic), um 4x1x4x1 com Lahm e Alaba a subirem tanto que nem parece certo chamar-lhes laterais e o meio-campo com Götze e Müller tão avançados que ia uma longa distância entre eles e Kroos, muitas vezes obrigado a colocar-se no meio dos centrais Dante e Boateng para que estes não ficassem tão sozinhos lá atrás.

Foi, no entanto, do outro lado a nascer o primeiro lance de perigo. Aos 9 minutos, uma desatenção bávara deixou Rooney quase isolado, Boateng correu e recuperou a colocação, mas caiu na finta do avançado inglês, que demorou tanto a rematar que nem chegou a assustar Neuer. A lesão que o deixou em risco, afinal, parecia não estar assim tão ultrapassada.

O Bayern não era só posse de bola, é certo, e prova disso são os muitos remates à baliza de De Gea, todos por cima ou ao lado. Mas nem só de muitos homens na frente se faz uma equipa ofensiva e as tentativas acabavam por ser quase sempre de longe e sem muito perigo. Mérito também do Man. United, que defendia solidariamente com os 11 jogadores, o que ajudava a que a bola acabasse por bater sempre num deles.

Os alemães, frustrados com a falta de espaço, ainda tremeram com o lance de Valencia aos 18 minutos. A bola entrou na baliza de Neuer, mas o árbitro já tinha interrompido a jogada devido ao fora-de-jogo do avançado do Man. United. Uma réplica imperfeita da primeira mão.

O Bayern, que até já estava em vantagem na eliminatória, continuava a insistir, insistir e insistir, mas sem convencer. O jogo estava sem qualidade, os alemães atacavam sem consequência e os «red devils» defendiam bem, mas saíam mal em contra-ataque. Só para que se note: os guarda-redes não fizeram uma defesa na primeira parte.

Então é assim que se faz?

Lembram-se da conversa sobre nenhuma das equipas estar a fazer um bom jogo? Bem, na segunda parte isso passou rapidamente. Evra, aos 57 minutos, e Mandzukic, um minuto depois, deram emoção à partida e mostraram finalmente que este era um jogo dos quartos de final da Liga dos Campeões.

Para tal contribuiu sobretudo a mudança de postura do Man. United, que subiu mais no terreno, começou a arriscar e pareceu querer mais do que acabar a eliminatória com dignidade. Também ajudou o facto de Guardiola ter reorganizado a equipa, com a entrada de Rafinha para a lateral direita e o assumir de Lahm no meio-campo. O espaço começou a aparecer.

Confirmou-o Robben, primeiro aos 67 minutos, quando teve tempo para tudo antes de cruzar para o golo de Müller. Ao mostrar pela primeira vez que queria passar, Moyes estava a perder a eliminatória.

O técnico escocês ainda fez entrar Chicharito, tentando dar mais hipóteses à sua equipa de atacar, mas apareceu outra vez o holandês a matar a eliminatória. Robben fletiu da direita para o meio, passou por dois adversários, rematou e acabou com as dúvidas: o Bayern era mesmo melhor e nem uma primeira mão mais 45 minutos divididos chegaram para nos convencer do contrário.