Num percurso longo e marcado por vivências díspares, não podiam faltar algumas passagens por clubes estrangeiros. João Peixe teve a oportunidade de mostrar as suas capacidades em Inglaterra, mais concretamente no Sunderland, mas nunca chegou a jogar oficialmente pelo clube. Como conta ao Maisfutebol, apenas deu «para fazer um treino», já que o clube, entretanto, contratara outro ponta-de-lança. «Treinei, conheci Londres e vim-me embora», lembra, bem disposto.
Só no Verão de 2001, depois de uma temporada fantástica em que apontou 19 golos na Sanjoanense, surgiu um convite oficial do exterior. João Peixe decidiu aceitá-lo e viajou até à Grécia, onde o esperavam seis meses com a camisola do Ionikos, clube da principal divisão helénica. Na cidade de Nikaia, um subúrbio situado na zona sudoeste de Atenas, Peixe conheceu uma das figuras mais peculiares na sua extensa vida de futebolista. Essa personagem foi, nada mais, nada menos, que Oleg Blokhin, actual seleccionador ucraniano e um dos melhores jogadores de sempre do gigantesco ex-estado da União Soviética.
«O homem tem um feitio muito complicado mesmo. Leva as suas exigências ao limite, mas senti que ele até gostava de mim. Não me impus como titular, mas entrava em todos os jogos. Fui o 12º jogador da equipa durante o tempo em que estive lá», recorda, enquanto entra em mais detalhes relativos a esse período. «Devido ao treinador que tínhamos, aquilo era tipo escola-russa. Jogávamos sempre a um/dois toques mas foi uma experiência espectacular.»
João Peixe nunca mais esquecerá o ambiente que encontrou no Estádio Olímpico de Atenas. Apesar de ter actuado lá na condição de visitante, admite que o mítico recinto faz parte das suas melhores memórias da Grécia. «Aquilo é impressionante. É o fanatismo levado ao extremo. Joguei lá contra o Olympiakos e o Panathinaikos e foi fabuloso. Avassalador mesmo.»
O presente envenenado de um empresário de Macau
Já no Verão do corrente ano, João Peixe teve a oportunidade de estar um mês à experiência num clube da segunda divisão chinesa. Contudo, o sonho oriental que lhe foi vendido por um empresário de Macau, «que se chama Matos», revelou-se um presente envenenado. «Fui enganado por esse senhor», lamenta, sustentando depois a sua acusação.
«Esse empresário convidou-me a jogar na China, mas depois nunca mais apareceu nos treinos do clube onde estive. Não tive oportunidades nenhumas e só fiz meia parte de um jogo treino. Aquilo funciona muito por empresários e as pessoas do clube não me deram importância por isso mesmo», relata, algo desiludido com o falhanço dessa aposta.
«O meu concorrente, um croata, tinha um amigo do treinador como empresário e não me deu hipóteses de lá continuar. Em dois jogos, estava acordado jogarmos metade do tempo cada um, mas só joguei no primeiro. Resumiu-se a isto a minha experiência na China», conlui. A avaliação que faz ao campeonato é, contudo, interessante. «O futebol lá é mais fraco, já que os jogadores só querem correr. Tacticamente são muito débeis, mas ainda vi alguns bons executantes.»