O ciclista britânico Philip Hindes admitiu que caiu de propósito durante uma corrida no velódromo de Londres, esta quinta-feira, para que a equipa pudesse recomeçar.

Após ter vencido a medalha de ouro, juntamente com Chris Hoy e Jason Kenny, na prova do sprint por equipas, o atleta de apenas 19 anos afirmou: «Deixei-me cair. Fi-lo de propósito para ter uma nova partida... Foi tudo planeado». O ciclista admitiu que a estratégia era a seguinte: «Se tivéssemos uma má partida, teríamos de cair para recomeçar».

As palavras de Philip Hindes criaram de imediato polémica, tendo o alemão de nascença vindo depois corrigi-las numa conferência de imprensa. Também os responsáveis da equipa do Reino Unido justificaram que houve apenas um «erro de tradução» e recordaram que o jovem só aprendeu a falar inglês no final de 2010.

As regras da União Ciclista Internacional (UCI) permitem que uma corrida recomece caso algum dos atletas tenha um percalço logo após a partida. Foi o caso de Philip Hindes, que aparentemente perdeu o controlo da bicicleta e caiu.

A suspeita sobre esta queda foi acentuada porque ainda na quarta-feira foram excluídas da competição de pares de badminton oito atletas que fizeram de propósito para perder. Para o porta-voz do Comité Olímpico Internacional, este é um caso diferente porque os espectadores da prova de ciclismo «não foram privados de competição».

«Neste momento não há planos para investigar» o sucedido, informou esta sexta-feira Mark Adams, citado pela Reuters, completando que não vê «nenhuma razão para questionar o resultado».

Philip Hindes caiu no início da ronda de qualificação entre o Reino Unido e a Alemanha. Os britânicos venceram a França na final, com um tempo para recorde do mundo.

A diretora técnica francesa Isabelle Gautheron reagiu com fair-play, mas pede que as regras sejam alteradas. «Precisamos de mais transparência, mas a melhor equipa ganhou. Eles bateram o recorde do mundo duas vezes, emereceram a vitória. Eles jogaram com as regras», afirmou.

«Para bem do desporto, talvez uma falsa partida devesse desencadear uma eliminação», sugeriu, dando o exemplo de Usain Bolt, que foi assim excluído num campeonato do mundo.

Já Daniel Morelon, que é treinador da China e foi o último francês a vencer o sprint individual, nos Jogos Olímpicos de 1972, defende que tudo deve ficar na mesma. «Faz parte do jogo, só que normalmente não o dizemos. Uma falsa partida deve ser permitida, caso contrário poderás perder tudo aquilo para o qual trabalhaste durante quatro anos numa escorregadela», concluiu.