Isto é só um olhar rápido sobre a prestação da nossa seleção. Não sou boa a comentar jogos, e escrever sobre eles é muito ao de leve. À parte isso, sou jogadora, sinto-me muito mais confortável dentro do campo a fazer o meu. Isto, normalmente, deixo para os outros.

É só uma exceção, e há-de ser uma opinião diferente daquelas a que vocês, leitores, estão habituados. Não levem a mal!

Na última semana, estava de férias com os meus manos e, como qualquer apaixonado por Portugal e pela seleção, estávamos colados ao ecrã para ver o primeiro jogo no Europeu.

A expectativa estava no ar, e a emoção era palpável.

Desde o apito inicial, a tensão era evidente. Estávamos todos ansiosos, mas super otimistas. O coração bateu mais depressa.

A Chéquia marcou primeiro. E quando finalmente a bola entrou na baliza adversária, aquela sala explodiu em gritos e abraços. O esforço da nossa seleção tinha sido recompensado. Festejámos o golo da forma mais efusiva de sempre (nós, todos juntos, somos loucos). Fizemos o 1-1, mas estávamos certos de que aquele momento seria o primeiro de muitos naquele jogo, e no Europeu também.

No entanto, a euforia rapidamente deu lugar à frustração. O VAR decidiu... e bem, que o golo não era válido. A alegria que tínhamos sentido foi substituída por um misto de incredulidade. Era difícil aceitar que um momento tão emocionante pudesse ser retirado assim. Possa! Doeu. Parecia tão clean!

Acontece a todos.

Mas sim, estava difícil. A bola parecia não querer entrar, mas, apesar disso, eu acreditava e sabia que íamos chegar ao golo. Estávamos sempre mais próximos da baliza adversária, embora estivéssemos a enfrentar um grande autocarro a proteger a baliza.

Mesmo com um jogo aparentemente lento, acreditei que aquele momento ia acontecer. Primeiro o golo foi anulado, mas depois acabámos por marcar e voltar a marcar.

Com a entrada do Pedro Neto e do Francisco Conceição, dois jogadores de que gosto, tivemos um impulso adicional.

É pena que as lesões tenham atrapalhado a presença do Neto na seleção mais cedo, mas vê-lo agora com a nossa camisola é belíssimo.

Fiquei muito feliz por ter sido ele a fazer uma assistência e a brindar-nos com uma excelente exibição. Ele é craque. Adoro o 1x1 dele. Assim como o Francisco, que é o «espalha-brasas».

No jogo contra a Turquia, um jogo que esperaria mais dificuldades... vencemos e vencemos bem. Foram dois golos meio que à sorte, mas a sorte também se procura. Gostei muito da dinâmica da equipa face à Turquia.

Fomos claramente justos vencedores, a equipa apresentou-se com melhores dinâmicas. Mas, sobretudo, ressaltou-me a forma apaixonada e a harmonia entre os jogadores, com as quais disputavam cada lance.

E, por isso, levava-me a crer que no jogo contra a Geórgia, faríamos um bom jogo. Independentemente das alterações que se pudessem fazer. Infelizmente, isso não aconteceu.

Quero acreditar que foi devido às imensas alterações na equipa.

Mas eu não sou treinadora, nem quero de alguma forma julgar as opções do nosso selecionador. Sim, acreditava que, mesmo com estas alterações, a nossa seleção ia fazer muitos golos. Não foi o que aconteceu, mas seguimos em frente. Não foi uma exibição bem conseguida de todo, mas isso poderá também ajudar a que tenhamos noção de que temos de trabalhar e melhorar a equipa para o próximo desafio.

E, agora, até deixo um desabafo de jogadora. Às vezes não é fácil para os jogadores que não estão totalmente rotinados jogarem e efetivarem as diferentes ações individuais e coletivas com sucesso. Há pouco tempo para trabalhar entre jogos e rotinar jogadores que não estão habituados a jogar entre eles.

Mas seguimos, estamos nos oitavos e isso é o mais importante.

Ainda assim, quero destacar a dedicação, a solidariedade, o esforço e a paixão dos nossos jogadores.

O futebol é imprevisível e cheio de surpresas.

É continuar a apoiar Portugal, continuar a ter alma. Adoramos sofrer sempre, somos uma espécie de montanha-russa de emoções que acaba sempre por nos unir e nos fazer acreditar sempre. Somos Portugal.