O milionário americano Malcolm Glazer tornou-se esta segunda-feira dono do Manchester United com a aquisição de mais um por cento das acções do clube. Glazer tinha conseguido na sexta-feira passada 74,8 por cento da sociedade desportiva, com o um por cento adquirido hoje ultrapassa a barreira dos 75 por cento e com isso garante total controlo sobre o clube.
A partir de agora o empresário americano pode tomar as decisões que entender sem consular os restantes accionistas. O negócio ainda não foi confirmado pela bolsa de Londres, mas a imprensa adianta que nas próximas horas deve haver uma confirmação oficial do próprio Glazer. Os adeptos do Manchester têm-se manifestado nos últimos tempos contra esta aquisição e prometem manter a luta contra a venda do clube.
Os adeptos mais interventivos intitulam-se Shareholders United, os quais lançaram uma campanha procurando sensibilizar outros associados a parar de comprar produtos de merchandising do clube e produtos de grandes patrocinadores como a Vodafone, a Nike ou a Audi. Uma forma de pressão sobre Glazer. Entre os famosos que já se juntaram aos protestos está o ex-ídolo do clube Eric Cantona. «O ManchesterUnited existe há mais de um século, com a sua filosofia e identidade próprias, assim como um muito sólido sentido de formação de jovens. E agora vem um norte-americano não se sabe de onde que não percebe nada de futebol. Estou cem por cento ao lado dos adeptos», referiu.
Os receios são vários e passam, por exemplo, pela possibilidade de Glazer transferir a sua dívida pessoal para o clube, podendo inclusivamente retirá-lo do mercado de valores de Londres. Há também receios por parte dos adeptos de ver aumentar o preço dos bilhetes para os jogos ou de se verificar uma inversão na tendência de lucro dos últimos anos, aumentando o endividamento do clube. As preocupações estendem-se de resto ao governo britânico que tem dúvidas sobre as reais intenções do magnata americano. Por isso mesmo já anunciou a intenção de alterar a legislação para evitar no futuro compras de clubes por indivíduos estrangeiros, noticiou quinta-feira o jornal Sunday Telegraph.